A vida dos bancários não para de piorar nas agências e locais de trabalho. Metas abusivas, pressão, descomissionamentos, ameaça de demissão e o elevado risco de entrega dos bancos públicos têm levado os trabalhadores ao adoecimento. Como se não fosse suficiente, um governo que se instalou por um golpe em 2016 conseguiu piorar o que já era ruim. A relação entre trabalhadores adoecidos e medicina do trabalho está fazendo o ambiente se tornar não apenas insalubre como impõe retorno de pessoas à atividade laboral sem condições de saúde para realizar as tarefas exigidas no trabalho.
Doenças como LER/DORT, que até há algum tempo predominavam no diagnóstico dos bancários que precisam de afastamento para tratar a saúde, passaram a ter a companhia de estresse e depressão. Tudo por conta de gestões nos bancos desenhadas para o adoecimento. Crescem as metas abusivas, sobe a pressão por resultados. E os bancários sofrem com doenças do coração, com sofrimento psíquico, a ponto de ficarem sem saúde para exercer a profissão.
E o que faz o governo federal? O INSS implementou uma cultura de sempre dizer que o trabalhador está “apto” mesmo que ele não apresente condição física ou mental. É o que mostra a videorreportagem que apresentamos mais abaixo. Os números confirmam essa tragédia. O setor de saúde do SindBancários já atendeu 1.381 colegas adoecidos entre 1º de janeiro e 22 de outubro. Nesses 295 dias, contando sábados e domingos, temos uma taxa de cinco atendimentos diários.
A assessora de Saúde do SindBancários, Jaceia Netz, conta que os relatos dos atendimentos chegam a ser ainda mais dramáticos do que mostram os relatos de bancários adoecidos no vídeo. Essa rotina ficou ainda pior depois que o governo de Michel Temer editou a Medida Provisória (MP) 739 em julho de 2016 (leia aqui). “Essa medida é uma verdadeira caça às bruxas. O governo Temer chegou a remunerar médicos do INSS para que fizessem uma operação pente-fino e revisassem casos de afastamentos de trabalhadores. Cada parecer do INSS de apto é um prêmio. O resultado dessa devassa é fazer trabalhadores sem condições de desempenhar suas funções voltarem a trabalhar e correm riscos até de demissão”, explicou Jaceia.
http://www.sindbancarios.org.br/index.php/governo-temer-usa-o-inss-para-promover-uma-verdadeira-caca-aos-doentes/
A diretora de Saúde do SindBancários, Jamile Chamun, diz que a resistência do Sindicato, sobretudo do setor de saúde, tem sido cada vez mais importante. Ela conta que, além da acolhida e dos plantões e atendimentos psicológicos que o Sindicato coloca à disposição dos bancários, a entidade tem feito o que os bancos não fazem. Prova disso é o número de Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) que o Sindicato emitiu de 1º de janeiro a 22 de agosto de 2018 que os bancos deixaram de emitir. Do total de 254, o Sindicato emitiu 195. São 76,8% das emissões de CATs que são realizadas pelo Sindicato, quase uma por dia. “Os bancários que estejam em sofrimento, que precisem conversar podem contar com o Sindicato. Nós somos parceiros e garantimos anonimato”, explica Jamile.
O diretor de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, recorre à história para fazer um alerta sobre os tempos atuais de ataques aos direitos dos trabalhadores, sobretudo desde novembro do ano passado quando passou a valer a Lei 13.467, a da reforma trabalhista. “Na década de 1990, época de reestruturações de bancos públicos, chegamos a ter um suicídio a cada 20 dias. Estamos vivendo agora um processo semelhante. Estamos preocupados que isso volte”, disse Mauro.
O vídeo abaixo traz relatos de questões de saúde enfrentadas por bancários que receberam auxílio do Sindicato e tiveram até mesmo suas demissões revertidas juridicamente. O caso do bancário Fábio Junior da Rosa é exemplar. Ele teve um problema sério de tendinite (com rompimento de tendão) e foi dado como apto em seu exame demissional. Gravou o médico falando da rotina: “na medicina ocupacional, o demissional sempre é apto”.
Assista abaixo ao vídeo realizado pelo SindBancários em parceria com o Canal Paralelo
Fonte: Imprensa SindBancários