Reunião na Fetrafi-RS na semana passada explicou problemas do deficit e propostas de saídas, mas o Banco do Brasil não quer negociar e fala até em liquidação
Para compreender o que está acontecendo com a Caixa de Assistência (Cassi) dos funcionários do Banco do Brasil, é preciso conhecer os números do déficit, os descontos nas folhas de pagamentos e as propostas que o movimento sindical tem para equacionar o plano.
Mas é preciso também pegar todas essas informações e cruzar com o fato político. Então, fica clara que toda a intransigência da diretoria nas mesas de negociação, todas as ameaças têm um objetivo: intervir na Cassi e liquidá-la pode virar uma realidade no Banco do Brasil para facilitar a venda do banco público.
É muito bom ter médicos conveniados e que atendam em excelentes hospitais. E saber que o deficit prejudica o atendimento é importante também. Mas é fundamental saber que o movimento sindical já apresentou propostas de equacionamento do deficit, baseadas em estudos e recebeu não apenas negativas como resposta, mas também ameaças. Liquidar o plano está no horizonte da atual direção do banco.
Quem foi à sede da Fetrafi-RS, na noite da quinta-feira, 3/10, ficou por dentro dos números da Cassi, do tamanho do deficit e do quanto ele é menor do que se projetou no ano passado. E ficou sabendo também que o contexto de ataque a Cassi está dentro de uma ideologia política que só pensa em entregar empresas públicas.
Mobilização para defender a Cassi
A diretora da Fetrafi-RS, Priscila Aguirres, também funcionária do Banco do Brasil, abriu a reunião fazendo cometários ao encontro nacional de saúde para discutir sobre a situação da Caixa de Assistência (Cassi) em São Paulo no final de setembro. A diretora elencou três perguntas recorrentes entre os colegas e sugeriu que a forma mais eficaz de defender a Cassi é abraçando-a e se informando, o objetivo da reunião na sede da Fetrafi-RS.
O que vai acontecer?
O que tem na proposta?
O que a intervenção representa?
A saída é a mobilização. “Temos que abraçar a Cassi se a gente quiser que ela se mantenha. O banco não vai fazer isso por nós. A direção do banco fala até em liquidação. Temos um plano de saneamento, mas o banco não aprova”, explicou Priscila.
O banco não quer resolver
A diretora da Fetrafi-RS, Cristiana Garbinatto, tem participado das reuniões sobre a Cassi com a diretora do Banco. Ela resume a questão de resolver o deficit da Cassi à falta de vontade do banco. O banco não quer resolver.
Na última reunião, ela disse que houve um avanço. As ameaças deram lugar a promessas. “O banco não quer mudar a posição dele e teria um plano B para os funcionários. O banco disse que não vai deixar os funcionários desassistidos. Superamos o discurso de que vamos para o SUS”, ponderou Cristiana
Cristiana fez uma apresentação bastante detalhada de relatório dos números da Cassi. Em resumo, há três questões fundamentais sobre a Cassi que os colegas precisam ficar atentos. Uma delas diz respeito ao número de contribuintes dos vários planos.
Esse relatório apresentado pela direção da Cassi diz que apenas 5% da população dos planos gasta 60% dos recursos da Cassi. Quer dizer, não são familiares de 0 a 18 anos e nem mesmo os funcionários ativos aqueles que mais custam para o plano.
De onde vem o deficit?
Então, de onde vem o deficit? A diretora Cristiana Garbinatto refere então a apresentação feita pelo presidente da Cassi (a mesma que ela apresentou na reunião da quinta-feira, 3/10), o deficit do ano passado já surpreendeu positivamente. A previsão era de que o deficit fecharia em R$ 813 milhões, mas fechou em R$ 3,4 milhões.
Para 2020, a projeção de deficit é de R$ 1,116 bilhão. De novo a pergunta: onde está o deficit se a Cassi faturou R$ 4,9 bilhões no ano passado? A resposta não é tão simples, mas aponta para algumas medidas administrativas que podem reduzir o rombo como já aconteceu.
E o que mudou para que o deficit caísse? Mudou o cálculo para o provisionamento de deficit, foi implantado um programa de auditores nos maiores hospitais para conter gastos. Também foi implantado o aplicativo da Cassi e as negociações com prestadores de serviços reduziram custos em até 30%.
Cuidar das pessoas reduz deficit
Uma das propostas que está na mesa é transformar a Cassi num plano que faça estratégia de saúde da família e acabar com a coparticipação. “A prevenção faz o custo com o hospital cair. O jeito que tem de economizar é cuidar das pessoas”, explicou Cristiana.
Quer dizer, se o banco pressionar menos, se acabar com a cobrança de metas abusivas certamente o adoecimento deverá cair. Melhor para a Cassi. Se a saúde do bancário melhora, a saúde financeira da Cassi também tende a melhorar.
Outra proposta em estudo
Uma outra proposta está em estudo. Defende que o combate ao deficit, que vem desde 2012, deve ir além da redução de custos. Trata-se do pagamento do pós-atendimento. Só paga aquilo que usa.
Cria-se um fundo por sistema de cotas e, quando houver deficit (se houver) há um rateio. Cada participante entra com uma parte. Claro que os funcioná´rios entrariam com 40% do custo e o banco, com 60%, como é hoje. “Mas o banco não quer nada. Temos um outro plano que é judicializar imediatamente para que a Cassi não fique sem recursos”, finalizou Cristiana.
Participaram da mesa também os dirigentes do SindBancários, Bianca Garbelini e Rogério Rodrigues.
A dirigente Bianca Garbelini, representante na Comissão de Empresa, trouxe o seu relato da participação nas mesas com a Cassi e entidades, mostrando o viés atual de engajamento e construção da unidade da representação dos associados e a postura dos representantes da Cassi e do Banco do Brasil.
Ressaltou a urgência de uma definição, já que o prazo do relatório da ANS é 22/10/2019 e que o programa de saneamento final deve ser apresentado. Ainda relata que a posição do Banco é extremamente hostil e reticente, sem sequer garantir a proposta anterior e que a união em defender a Cassi é fundamental!
A Cassi vale a pena. Ela custa pouco para o banco relativamente aos preços de outros planos de sude do mercado. O banco aporta cerca de R$ 1,4 bilhões por anos, cerca de R$ 7,8 mil por pessoa em média. Em outros planos, privados inclusive, o aporte médio por pessoa é de é de R$ 9,7 mil. A Cassi é mais barata para o Banco do Brasil.
Fonte: Imprensa SindBancários