13 de Maio não nos representa
Não adianta, a vida não passa batida, algumas lembranças jamais se apagam. O 20 de Novembro é o Dia da Consciência Negra. As outras datas são governamentais. Não fazem parte da agenda de luta dos negros e negras do Brasil.
A história do Brasil está marcada pela violência, estupros, lágrimas e mortes de milhares de negros e negras. Todos escravizados pela força da grana das elites brancas, educadas e treinadas para destruir coisas belas, entre elas, a liberdade e uma vida digna. A matança é o salgado alimento dos capitalistas. O terror, a sobremesa. Juntos, misturados e condimentados, se projetam como a grande máquina de moer gente em todo o mundo.
O Brasil continua liderando as perdas de almas inocentes neste macabro modo da vida. Os números do massacre, calculados e verificados em diferentes fontes, mostram que do século XV ao XIX, a África perdeu um contingente de vidas negras variando de 65 a 75 milhões de pessoas. O somatório do fatos são praticados com total impunidade. Os estupros, humilhações, opressão generalizada, suicídios de vítimas, exploração até a morte, tudo por conta da ganância sem limites dos capitalistas e seus parceiros do crime.
Basta caminhar pelas ruas e logo se nota que os odores da escravidão não se propagam duma panela de feijão. Não foi um acidente da história, ela foi e continua sendo a mistura da azeda política de Estado imposta pelos capitalistas. A principal base da economia brasileira foi o trabalho escravo. Por isso, faltam arroz com feijão e sobram minhocas e subnutrição.
Assim, uma pergunta se topa nos velórios: quem são os ricos no Brasil? Em ligeiras palavras, são os ricos que tiveram escravos para construir suas riquezas e ficaram com os bens que os negros produziram.
Essa constatação se capta em piedosos ou revoltados olhares. Os negros preferem velórios e mandam bananas para o 13 de maio. Uma data que não entra na programação das comunidades. Nem cusco fareja este tipo de festejo. A confraternização e organização do movimento negro é o dia 20 de novembro.
Quando houve a “abolição” o negro não teve direito à indenização e coisa nenhuma. Logo, sem dinheiro, o povo negro toca a vida com extrema dificuldade. Muitos morrem, outros tantos acumulam doenças e parcelas expressivas se atiram no mundo das drogas e marginalidade.
No Brasil, se fala muito de herança. Deixam na moita, que as elites brancas acumularam suas fortunas por conta do trabalho de um povo que eles escravizaram. No balanço geral, depois de mais de cem anos da “libertação dos escravos”, o país e as nações parceiras da pilhagem do trabalho dos africanos e das diferentes etnias que construíram o território, ainda não acertaram as contas com as vítimas da sanguinária política.
O Haiti foi o primeiro país a realizar a abolição da escravidão. Na luta venceram o poderoso exército do Napoleão e conquistaram a liberdade através de uma revolução negra. Serviu de exemplo e vitaminou os corações de lutadores espalhados pelo mundo.
No Brasil e na perspectiva da luta, os movimentos negro, social, sindical, indígenas e outros apoiadores, precisam se juntar e construir mobilizações para avançar nas conquistas. Na pauta do movimento, exigir reparações e reparações dos agressores e governos, mais verbas na saúde, educação e moradia. Além da ampliação das cotas, regulamentação dos quilombos e elaboração do conjunto de políticas públicas que contemple as necessidades das comunidades negras e do povo pobre.
Coletivo da Diversidade e de luta contra o racismo do SindBancários
Texto: Moah Sousa / Assessoria do SindBancários
Fontes: movimento negro e Memória do Sindbancários