A partir da próxima semana, o Sindicato dos Bancários (SindBancários) de Porto Alegre irá intensificar uma campanha em defesa do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) junto à população e também na imprensa. Isso porque há dois projetos na Assembleia Legislativa para a criação de duas subsidiárias do Banrisul e que devem entrar na pauta de votação em 1º de dezembro. O SindBancários teme que, depois de criadas, essas empresas possam ser privatizadas.
Encaminhados pelo governo José Ivo Sartori (PMDB), um dos projetos cria a Banrisul Cartões. A subsidiária, conforme a proposta, atuará na emissão, administração e processamento dos cartões.
Na justificativa, o Executivo argumentou que a iniciativa segue a tendência do sistema financeiro nacional, gerando “importantes receitas adicionais” e, ao mesmo tempo resulta numa “gradual redução da dependência do crédito.” A empresa será um braço da Banrisul Cartões S.A, que opera com cartões de benefícios diversos, como refeição, alimentação, combustível, salário, presente e crédito. A rede, segundo a justificativa do projeto, operacionaliza transações das bandeiras Visa e Martercard, além do Banricompras, e atualmente supera 160 mil estabelecimentos credenciados. A nova subsidiária, portanto, tem por objetivo complementar as atividades hoje operacionalizadas pela Banrisul Cartões S.A.
Comercialização de seguros
A outra subsidiária proposta pelo Piratini é a Banrisul Seguradora com foco no ramo de distribuição de seguros, previdência aberta e capitalização. Na justificativa do projeto, o Executivo informou que a comercialização de seguros junto aos clientes do Banrisul ocorre há mais de 45 anos e que vem aumentando significativamente. Contudo, conforme o governo, “a representatividade e o potencial” são, ainda, inferiores, comprados aos concorrentes, necessitando de uma estrutura adequada para atingir as metas e demanda dos clientes do Banrisul.
Atualmente, o banco público tem, além da Banrisul Cartões S.A, três subsidiárias: Banrisul Corretora de Valores, Mobiliários e Câmbio, Banrisul Armazéns Gerais e Banrisul Administradora de Consórcios. O Estado tem o controle acionário do banco com 57% das ações. Em 2007, no governo Yeda Crusius (PSDB), foi aberto o capital quando foram vendidas, mediante autorização da Assembleia Legislativa, 43 das ações, rendendo R$ 2 bilhões aos cofres do governo.
Neste mês, o Banrisul divulgou o balanço registrado de janeiro a setembro de 2015. O lucro líquido recorrente alcançou R$ 609,6 milhões, 5,9% acima em relação ao resultado recorrente registrado no mesmo período de 2014. Já o lucro líquido contábil atingiu R$ 699,3 milhões nesses nove meses de 2015, correspondendo a um aumento de 57,8% em comparação ao mesmo período do ano passado. Secretário-geral do SindBancários, Luciano Fetzner afirmou que o sindicato não é contra a criação da Banrisul Cartões e da Banrisul Seguradora, porém quer garantias. “A gente sabe que vem para fortalecer o banco”, afirmou ele.
As lideranças sindicais querem incluir nos dois projetos emendas “com cláusulas protetivas”, impedindo a abertura do capital das duas subsidiárias. No caso, o Sindbancários que assegurar a realização de plebiscito, em caso de transferência do controle acionário das ações e também de direção das duas subsidiárias, a exemplo do que é exigido para transações envolvendo o próprio Banrisul. “Essas cláusulas precisam estar contempladas”, sustentou Fetzner.
A venda dessas subsidiárias, que geram lucros significativos, reduzirá, na opinião do secretário-geral do SindBancários, o patrimônio do banco público do Estado. “Abrir o Banrisul para ser fatiado e privatizado aos poucos não é bom para ninguém”, avaliou Fetzner. Os dirigentes do sindicato pretendem, além da campanha, intensificar reuniões com deputados com o fim de incluir as emendas, o que estaria havendo uma resistência. “O debate que se faz qual é o interesse por trás do discurso do fortalecimento do banco”, questionou o representante do Sindbancários.
Fonte: Sul 21
