Sindicato enviou ofício ao banco no dia em que o governador Eduardo Leite disse ser “inevitável” privatizá-lo
O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e região (SindBancários) encaminhou na última sexta-feira (24) um novo ofício cobrando explicações do Banrisul sobre a possibilidade de venda do seu Centro de Treinamento, Lazer e Formação, localizado na Estrada do Serraria, Zona Sul da Capital Gaúcha.
O documento foi recebido pela direção do banco no mesmo dia em que o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), disse à Zero Hora ser “inevitável” o processo de privatização do Banrisul. “Considerando a manifestação última do governador, defendendo publicamente a inacreditável posição favorável a um processo vindouro de privatização de nosso rentável, sólido e inestimável Banrisul, reiteramos o pedido de esclarecimento quanto à existência ou não da intenção e processo de venda da Serraria”, diz o documento assinado pelo SindBancários.
Especulação imobiliária cobiça a área desde 2010
Não é a primeira vez que a entidade cobra explicações do poder público estadual sobre os boatos de venda da sede da Serraria que circulam junto à categoria. Em outubro de 2010, a então governadora Yeda Crusius (PSDB) anunciou a preparação de edital para entregar essa cobiçada área para desenvolvimento de projetos imobiliários. Por pressão dos banrisulenses e de setores da imprensa, a proposta não obteve sucesso e o destino do CT só voltaria a ser alvo de questionamentos mais de uma década depois.
Em agosto deste ano, o Sindicato realizou um abaixo-assinado junto aos trabalhadores do Banrisul com o intuito de defender o Centro de Treinamento, inaugurado em 1980 e fruto da luta dos bancários pelo direito ao lazer e esporte.
Na ocasião, a entidade, em conjunto com Fetrafi-RS, enviou um primeiro ofício exigindo uma posição do banco quanto ao assunto. Tal como agora, o Banrisul não emitiu uma linha sequer sobre a questão, deixando a dúvida no ar.
O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, diz que o silêncio por parte da diretoria do Banco quanto à possibilidade de venda do centro é preocupante.
“Se realmente existirem as movimentações que tantos colegas têm denunciado ao sindicato ao longo do ano, sem que haja a devida publicidade, ou nem mesmo uma resposta assertiva por parte do Banrisul, podemos estar diante de algo muito grave. O que fica nas entrelinhas é a possibilidade de um processo “subterrâneo” estar em curso, sem que a devida transparência seja dada ao assunto”, avalia Fetzner.
O Centro Social de Treinamento do Banrisul atende aos trabalhadores (as) há mais de 40 anos. O local é bastante rico em vegetação, conta com alojamentos, salão de eventos, DTG, piscinas olímpicas e de lazer, campo de futebol, quadras poliesportivas, playground, pista atlética, churrasqueiras, amplo estacionamento, restaurante, salas de aula, entre outros recursos.
Em anos anteriores, toda essa estrutura era utilizada por bancários (as) e suas famílias, em especial nos finais de semana, quando o local recebia pessoas interessadas em tomar banho de piscina, participar de campeonatos amadores de futebol e confraternizar. No momento, em função da pandemia de coronavírus, o local não está aberto a visitas.
Até o momento da publicação desta matéria, nenhuma resposta foi dada pelo Banrisul aos questionamentos do Sindicato dos Bancários, assim como fizeram em agosto de 2021.
“Ressaltamos à toda a categoria que seguiremos buscando respostas sobre a possibilidade de existir em curso um processo de venda e, caso ela seja real, faremos o devido embate para que a nossa Serraria não seja entregue à especulação imobiliária”, garantiu Luciano.
Texto: Marcus Perez com edição de Manoela Frade
Imprensa SindBancários