Protesto denunciou programa Agiliza, ambiente do banco que expõe empregados e clientes a situações de risco
Um atendimento bancário que poderia ser trivial terminou com uma funcionária ferida no Hospital de Pronto Socorro. O caso de agressão aconteceu na quinta-feira (29), no final do expediente bancário na agência Caixa da Praça da Alfândega, quando uma trabalhadora teve o rosto machucado por um cliente na sala de autoatendimento. Na manhã de sexta-feira (30), em protesto pela falta de segurança dos funcionários, a agência amanheceu fechada.
Dirigentes do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região espalharam faixas anunciando a paralisação e denunciando as condições precárias de segurança a que estão submetidos os trabalhadores da Caixa. Em julho, a entidade já havia anunciado a vulnerabilidade e insegurança com a implementação do projeto Agiliza, que realiza os atendimentos na entrada das agências, sem proteção alguma.
O episódio de violência contra a mulher nas dependências da Caixa expõe, conforme observou o diretor do SindBancários e empregado do banco, Tiago Vasconcellos Pedroso, a gravidade dos atendimentos sem a proteção das portas giratórias. “O movimento sindical está cobrando da Caixa que se construa melhores condições de trabalho e que não aconteça mais esse tipo de violência contra as mulheres e qualquer trabalhador e trabalhadora”, explicou.
Implementado sem negociação nem preocupação com a vida dos funcionários, terceirizados e clientes, o projeto Agiliza foi criticado pela diretora do Sindicato Caroline Heidner, também empregada da Caixa.
“O Sindicato já havia alertado a superintendência de que isso iria acontecer, era uma situação que estava posta. O que estamos fazendo é mais do que um protesto, estamos cobrando a responsabilidade da superintendência e da direção da Caixa para que suspenda imediatamente o Agiliza. Em vez de estarmos hoje protestando, poderíamos estar velando algum colega, poderia ter sido um tiro, uma facada. Estamos vivendo uma escalada de violência em Porto Alegre e nem isso sensibiliza a direção do banco. É um absurdo o que ocorreu e nós não vamos permitir mais nenhum colega exposto dessa forma”, pontuou a dirigente em conversa com os funcionários na entrada da agência.
Movimento sindical conquista suspensão do Agiliza
Após solicitação do Sindicato, às 12h a superintendência do banco recebeu as diretoras Caroline Heidner e Sabrina Muniz (Fetrafi-RS) e o diretor Tiago Vasconcellos para ouvir as reivindicações do movimento sindical sobre o episódio e os relatos de insegurança. Os dirigentes reiteraram a preocupação relatada pela entidade há dois meses, quando estiveram na agência Lomba do Pinheiro e puderam verificar os possíveis riscos com os atendimentos do Agiliza.
Os dirigentes foram recebidos por Edgar Vieira Soares, superintendente nacional da Caixa; Ricardo Troglio, superintendente de Rede da Caixa; Cláudia Mierlo, representante da Área de Pessoas, e André Manquevick, superintendente executivo de Varejo da SEV Centro. Após os relatos dos diretores, os representantes do banco admitiram a necessidade de verificar a real demanda do Agiliza nas agências onde foi implementado e assumiram o compromisso de fazer uma avaliação do projeto e da viabilidade de supressão do mesmo.
Diretora da Fetrafi-RS, Sabrina ressaltou que a suspensão do modelo Agiliza nas agências da SEV Centro é uma vitória, mas apenas o início de um trabalho. “Não podemos deixar os colegas expostos a uma situação que já vimos que tem risco, enquanto a Caixa estuda a situação. Entendemos que é preciso aprofundar e analisar o modelo, pensar nas condições de trabalho e priorizar a segurança dos colegas e clientes”, afirmou.
Durante a reunião, em uma reação espontânea ao episódio, superintendentes decidiram recuar os atendimentos em unidades que contam com o Agiliza para dentro das portas giratórias até o final desta sexta-feira.
Na negociação, após a concordância do banco em suspender o Agiliza nas agências Praça da Alfândega e Rua da Praia, o Sindicato reabriu a agência com a condição de que não haja prejuízo no ponto dos empregados e que a jornada do dia se estendesse, no máximo, até 18h.
Na próxima semana, o SindBancários fará a avaliação dos próximos passos para que o projeto Agiliza não represente riscos para os colegas, para que todos estejam protegidos pela porta giratória.
“Queremos agradecer a solidariedade dos colegas da agência, que se mantiveram firmes no protesto, depois desse longo dia de paralisação, e dizer que hoje resgatamos nossa dignidade e que juntos somos mais fortes”, finalizou a diretora Caroline Heidner.
Atendimento no Sindicato
Os dirigentes lembraram os colegas da Caixa que o Sindicato está à disposição para acolher denúncias, sejam elas anônimas ou não, sobre as condições de trabalho. Além disso, o SindBancários oferece serviços jurídicos através de escritórios conveniados e atendimentos no Departamento de Saúde.
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Amanda Zulke/Imprensa SindBancários