O Ato em Defesa da Caixa 100% Pública, organizado e chamado pelo SindBancários, com apoio da Fetrafi-RS e das Contraf-CUT, na manhã desta quarta-feira, 28/1, recebeu o apoio de centrais sindicais (CUT, CTB e CSP-Conlutas) e de movimentos sociais. A luta pela manutenção do caráter público da Caixa e contra a abertura do seu capital articulou-se com a pauta nacional dos trabalhadores contra as MPs 664 e 665 e entrou na agenda de outros sindicatos e da sociedade. O ato ocorreu em frente à Agência Praça da Alfândega da Caixa, no Centro Histórico de Porto Alegre. O ato também lançou a campanha institucional “Minha Caixa, Minha Vida”. Para mostrar a importância de manter a Caixa pública e procurar dialogar com os cidadãos, o SindBancários distribui um panfleto “Carta Aberta à população.”
Se na vigília das centrais sindicais pelo Dia Nacional de Lua por Empregos e Direitos, em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, na avenida Mauá, Centro, o tom das críticas incidiu sobre as medidas que dificultam o acesso ao seguro-desemprego, ao seguro defeso para pescadores, o aumento da taxa de juros, duas quadras dali a conversa incluiu a Caixa. Fizeram parte das falas de dirigentes sindicais, na Praça da Alfândega duas quadras do ato das centrais sindicais, protestos contra a a abertura do capital da Caixa para fazer superávit primário. Ao anunciar a intenção de abrir o capital da Caixa a partir de 2016, o governo federal fechou o ciclo do recuo social e econômico iniciado com as MPs. Leitura direta: uma guinada ao neoliberalismo, de medidas recessivas, que tanto sofrimento causou aos trabalhadores e ao povo brasileiro nos anos 1990.
“O governo federal não pode usar a política e a medida dos derrotados para fazer a economia crescer. Atacar direitos dos trabalhadores é um equívoco histórico e países como a Grécia, em crise econômica desde 2008, estão se dando conta disso. Elegeram um primeiro-ministro de esquerda dizendo que o modelo de austeridade não serve mais para combater crise e pobreza. A Caixa é o único banco 100% público e não pode ter nem parte de seu patrimônio vendido”, disse o presidente do SindBancários, Everton Gimenis. (Assista aqui a parte da manifestação do presidente do SindBancários)
Para o presidente do SindBancários, exemplos de bancos que tiveram seu capital aberto e perderam parte de sua função social são o Banrisul e o Banco do Brasil. “Quando um banco público perde parte do seu capital acontece o que aconteceu no Banco do Brasil. Agora, um trabalhador que ganhe menos de R$ 2 mil não pode ter conta no BB. Só pode entrar quem tem muito dinheiro no Banco do Brasil. Sem contar que o Banco do Brasil passou a implantar uma gestão de banco privado: para remunerar acionista a política gestão do Banco do Brasil é cobrar meta abusiva e adoecer os bancários”, exemplificou Gimenis.
O presidente da CUT-RS, Caludir Nespolo, receita o caminho oposto daquele que o governo federal vem tomando com as medidas que atacam direitos dos trabalhadores. “Na crise de 2008, a chamada grande crise, a Caixa assumiu um papel fundamental. Quando todo o mercado e os bancos privados queriam austeridade, contenção de gastos públicos e juro alto, a Caixa emprestou dinheiro a pessoas de baixa renda a juros muito abaixo do mercado. A Caixa ajudou a blindar o país contra a crise. Se abrir o capital, isso vai acabar, porque acionista quer lucrar, não quer que o banco gaste com política pública”, avaliou.
O presidente da CTB, Guiomar Vidor, exaltou a função pública que a Caixa desempenha e a segurança de manter a instituição 100% do povo brasileiro. “A Caixa é um instrumento público que tem ajudado o país a resistir e sair de uma crise atrás da outra. Essas duas MPs, o aumento da taxa de juros e o anúncio de intenção de abertura do capital da Caixa é que trazem recessão e fragilizam o país. Os bancários podem contar com a CTB, com os trabalhadores do comércio nessa luta pela manutenção da Caixa 100% pública”, disse Guiomar.
O presidente da Federação dos Metalúrgicos, Jairo Carneiro, chamou a atenção para os discursos e as visões políticas que estão em jogo diante dessas medidas e dos caminhos que estão sendo tomados. “A tentativa da direita é dizer que o nosso discurso é atrasado. O discurso de privatização, de austeridade e de arrocho é que é atrasado. A proposta de abertura do capital da Caixa é o atraso. Um banco como a Caixa 100% público faz a política de governo e da sociedade não dos acionistas”, avaliou Jairo.
Mais manifestações
“Quando se mexe num direito como é o seguro-desemprego, se mexe com trabalhadores da juventude. Não há estabilidade nos empregos para os jovens. A Caixa é uma instituição secular e há muito ajuda os movimentos sociais e atua na garantia de políticas públicas como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida. A Caixa tem um papel fundamental na implantação de uma política de desenvolvimento social e econômico do país.” João Hermínio Marques – Organização A Marighella
“Os trabalhadores bancários não estão dispostos a pagar a conta, sobretudo dessas duas Medidas Provisórias editadas pelo governo federal. Aliás, medidas provisórias que vão economizar muito pouco ao custo de muitos empregos e redução de direitos. Estima-se em R$ 18 bilhões a economia em 2015. O governo federal economizaria mais se reduzisse incentivos ao setor automobilístico. Foram R$ 200 bilhões de incentivos ao setor automobilístico em 2014”. Paulo Stekel – Diretor do SindBancários
“Estamos alertas e atentos para os movimentos do governo federal. A intenção de abrir o capital social da Caixa é uma medida, se vier, que vai beneficiar o grande capital nacional e internacional. Quem perde são as pessoas que mais precisam do seguro-desemprego, do FGTS. Temos que fazer a defesa da função social do banco. Nós, sociedade e empregados da Caixa, temos uma luta conjunta na defesa da Caixa pública”. Guaracy Gonçalves – Diretor do SindBancários e empregado da Caixa
“Os trabalhadores do setor de telefonia estão entre os mais prejudicados por essas duas Medidas Provisórias editadas pelo governo federal. Há muita rotatividade no nosso setor. E não é porque o trabalhador quer burlar ou se beneficiar do seguro-desemprego. É porque os patrões querem reduzir custos e aumentar o lucro. Os bancários podem contar com os trabalhadores do setor de telefonia nessa luta em defesa da Caixa como banco público. Essa luta é da classe trabalhadora.” Marcone Santana do Nascimento – Diretor do Sinttel (Sindicato dos Telefônicos/RS)
“A Caixa é uma empresa pública. Principal agente dos programas sociais Bolsa Família, FGTS, da liberação de microcrédito, do Minha Casa Minha Vida. Por ser um banco público, que não atende interesse de acionistas, que a Caixa pode oferecer crédito a juros menores. Além disso, a Caixa investiu muito em novas contratações. Ainda faltam colegas nas agências, mas sabemos que houve uma redução na terceirização, que faz com que os trabalhadores permaneçam menos tempo em seus postos de trabalho.” Tiago Pedroso – Diretor do SindBancários e empregado da Caixa
“Somos parceiros nessa luta porque defendemos o serviço público gratuito e de qualidade. Consideramos inadmissível o governo federal ter privatizado portos e aeroportos. Não podemos permitir que o capital da Caixa seja aberto. É tarefa de todos os trabalhadores, dirigentes sindicais e das centrais sindicais lutar para que a Caixa permaneça 100% pública”. Marizar de Melo – secretário geral do Sindicato dos Servidores Federais do Rio Grande do Sul (Sindiserf)
“Políticas de austeridade, de redução de direitos têm se mostrado, ao longo das duas últimas décadas, ineficazes no combate a crises. Não é com austeridade, arrocho salarial que se combate crise econômica. É com empresas que desempenham uma função pública, como a Caixa. Essas medidas do governo vão na contramão daquilo que fizeram os trabalhadores apoiarem a reeleição da presidenta Dilma”. Adão Villaverde – deputado estadual
Fonte: Imprensa SindBancários