Trinta e três fotos em tamanho A3, a maioria em cores, reunidas na exposição “Reflexos das Raízes Africanas” e retratando a luta e o cotidiano da comunidade negra no estado e em Porto Alegre, marcam a abertura da Semana da Consciência Negra no SindBancários. A mostra será inaugurada, na sala de exposições do Sindicato, ao final da próxima segunda-feira, 07/11, e culmina com o dia 20 deste mês – Dia Nacional da Consciência Negra – data da morte do grande líder quilombola Zumbi, ao defender o povo negro no Quilombo dos Palmares.
Desta vez com fotografias do artista plástico e fotógrafo Paulo Correa (acima), 51 anos, a mostra revela, segundo o autor, “não só a questão da negritude, mas um negro olhar sobre a nossa sociedade”, explica Correa.
Conscientização
Já o diretor da Fetrafi-RS e organizador da Semana da Consciência Negra do Sindicato, Edison Moura, diz que estas manifestações políticas e culturais “visam romper com o paradigma da vitimização”. Na sua visão, “a atual exposição do Paulo é mais um exemplo da exaltação e conscientização da importância do povo negro”, completa.
Paulo Correa explica que as fotos que vai expor aos bancários e visitantes resultam de um trabalho de seis anos. Ele também é autor do livro de fotografias “Arqueologia do Caminho”, que revela os olhares e as cenas menos frequentes de Porto Alegre, que evita os locais e trajetos mais óbvios e recorrentes, de uma cidade que ainda é desconhecida até para quem nasceu ou vive nela. “Mostra a periferia e sua gente, numa visão mais próxima, sem preconceitos e com um olhar revelador”, explica o fotógrafo e artista.
CineBancários
Também o CineBancários tem incluído em sua programação filmes que dialogam com várias facetas do preconceito e da exclusão, incluindo o racismo. Um bom exemplo foi a temporada do premiado curta-metragem “Domésticas”, que estreou em setembro no cinema do Sindicato. A obra dá um close nesta categoria fundamental para a economia brasileira e para a autonomia econômica das mulheres.
No entanto, a desvalorização das atividades domésticas, a discriminação, a vulnerabilidade e as altas taxas de informalidade expõem a herança racista e sexista relacionadas a este trabalho no Brasil. Diante deste cenário, a articulação do movimento de mulheres trabalhadoras domésticas para a equiparação dos direitos foi primordial para o avanço legislativo e para a garantia do trabalho doméstico decente.