Extensão de horário de atendimento até as 15h ocorre em um péssimo momento, justamente quando explode o número de casos de infecção por coronavírus e Covid-19 entre os(as) gaúchos(as)
O Santander está de brincadeira com a saúde dos(as) colegas bancário(as) no Rio Grande do Sul. Ou então, os donos do banco não sabem que o Brasil é um país muito grande.
Se você ainda não entendeu nada, vamos prestar atenção em alguns números de casos de morte por Covid-19 e de infecção por coronavírus no Estado. Somente a partir do meio do mês de julho, ou seja, o mês passado, os casos de Covid-19, a lotação das UTIs e os infectados cresceram de forma exponencial.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS) confirmou na terça-feira, 4/8, 2.234 casos no Estado em apenas um único dia. Com isso, o número de óbitos por Covid-19 chegou a 2.099. Ao todo, no RS, são 73.618 pessoas infectadas desde que a pandemia do novo coronavírus começou.
O Santander brinca com as nossas vidas aqui no RS porque estendeu o horário de atendimento presencial nas agências para até as 15h. Ligando os pontos: o Santander não precisava fazer isso em meio à pandemia, tomando como base o recuo ou o platô do pico de casos de alguns estados em que a pandemia se manifestou antes, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas em relação ao Rio Grande do Sul.
E o pior é que o Santander bate o pé e não quer saber de recuar. O banco já vinha ensaiando e mostrando que ia tratar o caso numa atmosfera de intransigência e de pressão. Foi intransigente o que pôde para a realização do Acordo Coletivo de Trabalho específico para a pandemia.
Foi assim com a Comissão de Organização dos Empregados (COE/Santander), foi assim durante as negociações para produzir o Acordo Coletivo de Trabalho durante a pandemia e está sendo assim agora que já começaram as mesas de negociação com a Fenabam no contexto da nossa Campanha Salarial 2020.
“O Rio Grande do Sul é o segundo estado do país com maior volume diário de mortes. Quando o aumenta o número de mortes e de contaminados, o Santander amplia o horário de atendimento. Cobramos na Comissão de Organização dos Empregados do Santander (COE/Santander). Cobramos na mesa da Fenaban, mas o Santander foi irredutível”, disse o diretor do SindBancários e funcionário do Santander, Luiz Cassemiro.
Um preço político que pagamos
Tanto os dirigentes sindicais quanto os bancários de bancos públicos e privados estão pagando o preço político da pandemia. O Estado do Rio Grande do Sul tem se pautado mais pela preocupação com a economia, assim como o governo federal. Se fosse o contrário, o governador Eduardo Leite teria sido mais assertivo com os bancos quando editou o Decreto 55.240, em 10 de maio, ao criar o Distanciamento Controlado.
O Decreto deixa claro que nem autoridades estaduais nem autoridades municipais poderão fechar agências bancárias, a não ser que descumpram protocolos de sanitização e saúde, como manutenção de distanciamento mínimo de dois metros entre as pessoas e distribuição de Equipamento de Proteção Individual (EPI) para os trabalhadores. O Decreto também não trata de definição de horário de abertura e fechamento dos bancos.
O Banco Central (BC) também não determinou horários de abertura e fechamento de agências bancárias no comunicado que fez em 19 de março. A recomendação era de ajustar o horário à necessidade de cada região do país. A prioridade era evitar aglomerações.
Já o Decreto Municipal 20.540, de abril de 2020, libera a atuação das agências bancárias em Porto Alegre sob a supervisão do Banco Central. Mais uma vez, os bancos podem fazer o que bem entendem com seus horários. Os Decretos e comunicados não estabelecem horários de funcionamento para agências bancárias.
Um dilema para debatermos
Os colegas do Santander sabem muito bem que o Sindicato não vende ilusões. Não é possível brincar de super-herói nestes tempos de pandemia do novo coronavírus. Estamos em Campanha Salarial 2020 e temos muito com o que nos preocupar e por lutar.
Os bancos, por exemplo, estão sem responder uma questão fundamental para a nossa história. Vão fazer valer a ultratividade? A ultratividade é a garantia da renovação de todas as cláusulas de nossa Convenção Coletiva Nacional de Trabalho enquanto negociamos uma nova. E sabe quem acabou com ela?
Foi o veto de Jair Bolsonaro ao texto aprovado pelo Senado que institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda que acabou com a ultratividade em julho deste ano.
Estamos de olho
O Sindicato participa do Comitê Nacional de Crise para a pandemia, criado em março para monitorar a ação dos bancos e o cumprimento de acordos. Também monitoramos e vamos presencialmente fechar agências que não cumprem protocolos de sanitização e de proteção à saúde dos bancários.
Temos que agir com responsabilidade. Estamos trabalhando em reuniões diretas com os bancos por videoconferência, cobrando cumprimento de protocolos e fiscalizando ao mesmo tempo que estamos indo diretamente nas agências.
Mas, em tempos de pandemia, temos também que ser proativos. A hora é de juntar forças para defender a saúde dos colegas, de seus familiares. Uma agência bancária não pode ficar estigmatizada por ser um vetor de disseminação do coronavírus.
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Fonte: Imprensa SindBancários