Em audiência pública em Brasília, no dia 01/10, Pedro Guimarães afirmou que medidas são “uma questão matemática”, após 2020
Em audiência pública, realizada na última terça-feira, 01/10, em Brasília, na Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos (CTASP) da Câmara dos Deputados, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, admitiu a possibilidade de abertura de capital e o fechamento de agências que pode acontecer depois dos pagamentos do FGTS (que terminam em 2020). Segundo ele, tudo se trata de “uma questão matemática”.
Fatiamento da empresa
Convocada pela deputada federal Erika Kokay (PT/DF), a audiência, que contou com a presença de dirigente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), cobrou esclarecimentos sobre privatizações de áreas rentáveis e estratégicas do banco, processo de reestruturação em curso, além do enfraquecimento da empresa estatal, que está sendo fatiada comprometendo o papel social que a Caixa desempenha desde 1861.
Segundo Jair Ferreira, presidente da Fenae, mesmo que tenha dito que abrir o capital não é privatização, fica clara a intenção de enfraquecer a empresa, que deixará de ser 100% pública para atender a interesses de acionistas.
Contratação insuficiente
Durante a audiência o presidente da Caixa anunciou a contratação de 800 empregados, que se somarão aos cerca de 2 mil PCDs (pessoas com deficiência) contratados recentemente. “Diante de forte mobilização e luta dos empregados da Caixa, a estatal anuncia a contratação de mais 800 pessoas. Trata-se de um número consideravelmente baixo, perto do número de demitidos pela Caixa de todo o país. A contratação dos PCDs, que foi recomendada pelo Ministério Público, ainda não atende ao percentual exigido por lei. Devemos continuar a luta por mais contratações e intensificar ainda mais as mobilizações. Só assim, avançamos com as nossas pautas de reivindicações e garantimos direitos conquistados”, destacou o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE/Caixa), Dionísio Reis.
Menos 17 mil trabalhadores
Para Dionísio, o anúncio destas contratações não supre a demanda reprimida das agências e mesmo somado nem sequer repõe as três mil demissões ocorridas só neste ano. A questão do número de funcionários é um dos principais problemas enfrentados hoje pelos empregados da Caixa. Em 2014, o banco contava com 101 mil trabalhadores e um déficit de 2 mil. Agora, tem 84 mil – 17 mil a menos.
O processo de reestruturação em curso, adotado pelo banco unilateralmente, ameaça o desligamento de um grande número de empregados da Caixa. “Os representantes dos trabalhadores entendem que esse processo seja imediatamente interrompido, pois se trata de assédio moral, obrigando os trabalhadores a saírem, sem nenhuma alternativa”, avalia Fabiana Uehara, secretária de Cultura da Contraf-CUT e representante da Confederação nas negociações com o banco.
Assédio e metas abusivas
Os números da pesquisa feita pela Fenae, revelam que 60% dos empregados se dizem sobrecarregados de trabalho, em situação de assédio moral, temendo a reestruturação, mudanças bruscas na vida funcional, e afirmam que sofrem com planos de metas não debatidos com os empregados.
Fontes: Contraf-CUT e Fenae