Depois de congelar e ameaçar cortes nos salários dos servidores estaduais para “equilibrar as contas do estado” (sem esquecer que ele aumentou o seu salário, o da primeira-dama e do seu secretariado, logo que assumiu), o governador Sartori surpreendeu na semana passada ao autorizar a posse de 240 aprovados em concurso público para a Secretaria de Administração. O que não significa muito: a justa pressão do secretário Vieira da Cunha para nomear professores, por exemplo, não emociona o Gringo. O mesmo acontece com a vital área da segurança.
Ou acontecia: depois que o colunista David Coimbra orientou o governador a nomear os brigadianos e policiais civis concursados, em sua coluna deste dia 15, em ZH, tudo deve mudar. Em nome da RBS, Coimbra disse até como Sartori deve agir (para não inviabilizar um governo que ela ajudou a eleger): “Com um canetaço, o governador pode liberar a nomeação… Um único golpe é capaz de viabilizar todo o tratamento”, garantiu o colunista. Como é que ninguém pensou nisso antes? Agora vai.
O banco vai mal, mas os diretores vão bem
Todo mundo lembra do famoso Lehman Brothers, o banco de investimento americano que pediu concordata em 2008 e ficou como uma espécie de símbolo da crise mundial especulativa, que naquele período arrastou países inteiros para o buraco – como a Grécia, que ainda luta para se reerguer. Mesmo falido e recebendo “ajuda” do governo norte-americano, o banco se deu ao desplante de pagar altos bônus e gratificações a seus executivos e diretores, também responsáveis pela crise… Coisa parecida existe aqui no Brasil, onde um terço das maiores empresas de capital aberto do país pagou proporcionalmente mais em salários e bônus a diretores e conselheiros, entre 2013 e 2014, do que a receita que tiveram. Segundo a matéria da Folha de S. Paulo (dia 14/06), foi o que aconteceu com o Banrisul e o Itaú Unibanco, entre outras empresas. Ah, pois é.
Yeda e a sombra do Caso Rodin
A ex-governadora Yeda Crusius (PSDB) prestou novo depoimento à Justiça Federal nesta segunda-feira, 15/06, sobre a sua participação no Caso Rodin, quando foram desviados R$ 44 milhões do Detran/RS, durante seu mandato (2007-2011). A ação de improbidade administrativa do Ministério Público Federal, de 2008, conta com 52 réus — 41 pessoas físicas e 11 empresas. Já na ação da PGE, do mesmo ano, são dez os acusados: duas pessoas físicas e oito empresas. Os dois processos estão em fase de instrução. O passado não passa.
É bom não esquecer da Zelotes…
Para quem fica muito indignado com o escândalo da Lava-Jato (funcionários da Petrobrás e empresários), seria aconselhável se informar melhor sobre a Operação Zelotes, também da Polícia Federal – um escândalo que pode chegar a estratosféricos R$ 19 bilhões desviados do Tesouro Nacional. Só que o Poder Judiciário e a Mídia mostram-se inapetentes e desinteressados a respeito do Zelotes.
Não é difícil entender. O caso envolve, entre outras empresas, os bancos Santander, Bradesco, Safra, BankBoston, Pactual, Brascan e Opportunity. E mais a RBS, Gerdau, Votorantin, Ford, Mitsubishi, BRF, Camargo Corrêa. Trata-se de um esquema de fraude à Receita Federal, entre 2005 e 2013, em que grandes empresas subornavam integrantes do Carf, ligado ao Ministério da Fazenda. Assim, eram absolvidas do pagamento de impostos ou tinham imensa redução nos valores a serem pagos. O resto é silêncio.