Protesto em agências do BB em Porto Alegre amplia debate sobre riscos do papel de banco público e chama atenção para os danos na vida dos funcionários que o desmonte irá causar
Medo de descomissionamentos. Medo de transferências de um dia para outro que mudam a vida de funcionários e das famílias do Banco do Brasil. Os trabalhadores que enfrentam a pandemia para levar um serviço público à população perdem muito com a reestruturação proposta pela direção do banco e que ainda é uma caixa preta.
Mas os clientes também serão prejudicados. Foi o que mais uma paralisação das atividades do Banco do Brasil procurou demonstrar na manhã da quarta-feira, 10/2, em Porto Alegre. A demissão por PDV de 5 mil funcionários e o fechamento de 112 agências, de 242 postos de atendimento e sete escritórios vai mudar vida de muita gente e para pior.
Na frente da Agência Rua Uruguai, no Centro Histórico de Porto Alegre, dirigentes do SindBancários e da Fetrafi-RS, passaram a manhã conversando com clientes. Visitaram colegas e sentiram que os efeitos da política de privatizações do ministro da economia Paulo Guedes e do presidente Jair Bolsonaro já tem um efeito reverso.
Há críticas por parte de clientes, pois que fica cada vez mais claro que a falta de informações sobre quais agências serão fechadas, quais praças deixarão de ser atendidas e quais critérios serão adotados para o PDV e transferências, já causam ansiedades e a certeza de que vão repercutir na vida de todos.
Assista à matéria sobre a paralisação em Porto Alegre na quarta, 10/2
A diretora da Fetrafi-RS, Priscila Aguirres, mencionou reunião com Ministério Público do Trabalho como uma brecha aberta pela jornada de protestos e paralisações realizadas desde o dia 11/1, quando a diretoria do banco anunciou o desmonte. No dia 29/1, agências pararam em Porto Alegre no ato de mobilização com paralisações contra a reestruturação.
“Esperamos que o banco demonstre um pouco mais de transparência para definirmos os próximos passos da nossa jornada de luta. Vamos continuar a nossa resistência contra essa reestruturação que vai trazer prejuízos para os funcionários, clientes e para a população”, explicou Priscila.
O diretor do Sindicato, Rogério Rodrigues, diz esperar que a participação dos colegas nos atos e nas manifestações públicas, como tuitaços, siga crescendo para que a pressão sobre a direção e governo federal fique ainda mais fortalecida. “O Sindicato é dos bancários. Temos uma preocupação com os clientes. Essa reestruturação sobrecarrega o funcionário. O banco já tem dificuldades para atender os clientes. É preciso entender que se trata de uma direção que se nega a fazer o banco cumprir sua agenda social”, salientou Rogério.
Para o diretor do SindBancários, Andrei Teixeira, a jornada de paralisações ajuda a pressionar o banco em uma eventual mesa de negociação sobre reestruturação. Além de preservar o caráter público do banco, a mobilização também busca preservar direitos dos trabalhadores.
“O fechamento de agências representa perda de salários sem oferecer opção. Os colegas têm família, filhos na escola. Precisam pagar mensalidades. O banco ofereceu um mês de gratificação para caixas que forem perder função gratificada. Isso não resolve. O banco está usando a chantagem para conseguir uma condição favorável”, pontuou Andrei.
O presidente em exercício do SindBancários, Luis Gustavo Soares, disse que o Sindicato irá garantir toda a estrutura necessária para preservar direitos dos trabalhadores do Banco do Brasil e investir na luta contra a reestruturação. “Nosso departamento jurídico já entrou com uma ação na Justiça do Trabalho para buscar manter as funções de caixa no Banco do Brasil sem perda de gratificação, um direito conquistado com muita luta”, detalhou.
Fonte: Imprensa SindBancários