A ação sindical, no mundo capitalista e selvagem em que vivemos, é – simples assim – fundamental para garantir um mínimo razoável em termos salariais, condições de trabalho, combate aos assédios e muitos outros tropeços que a categoria bancária está cansada de enfrentar e driblar. Porém – ai, porém, como dizia uma velha canção – tem gente que custa a entender a relação. E não liga as conquistas e vantagens recebidas “do alto”, de repente, aos anos de resistência dos sindicalistas, as greves sob o sol e sob a chuva, as campanhas, as longas negociações com o patronato, com a Justiça, com as autoridades…
A vida pode se encarregar de fazer repensar os que são descrentes na ação organizada dos trabalhadores. Há grandes lutas do sindicalismo que, junto a outras forças sociais, beneficiam a todos.
Outras conquistas são mais localizadas. Nesta semana, por exemplo, centenas de colegas do Banrisul receberam seus cheques relativos à ação jurídica de integração do ADI na gratificação semestral. Tanto banrisulenses da ativa quanto aposentados estão saindo do Sindicato com um sorriso no rosto e um reforço que pode chegar a algumas dezenas de milhares de reais em suas contas. No total, são 793 homens e mulheres beneficiados neste momento.
Só quem tem direito, no entanto, são os bancários do Banrisul que eram sócios do Sindicato quando foi ajuizada a ação contra o banco, em março de 2013 (veja mais informações em http://migre.me/ufekk ). E a questão não está encerrada: a assessoria jurídica do SindBancários segue na luta para benefício de mais colegas. Mas, é claro, só para quem acredita no sindicalismo e na sua força.
Os mistérios do Ministério
Tarefa difícil é acompanhar a velocidade com que vêm a tona, como dejetos malcheirosos, as notícias sobre a corrupção do ministério do usurpador Michel Temer (e do próprio Temer, citado 24 vezes na delação de Sérgio Machado à Lava Jato). Dos 22 nomes escolhidos de início pelo presidente interino, nomes de sua confiança, nada menos que 19 – dezenove – são suspeitos ou réus em alguma acusação, processo judicial, investigação ou são citados na Lava Jato.
Três, tão implicados estavam, que não resistiram ao primeiro mês no nos cargos que ganharam de mão beijada do amigo Temer. Vamos lembrar: Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle). Jucá foi planejar sua defesa e seus álibis longe do Planalto. Alves foi fazer turismo em outra freguesia. A má atuação de Silveira ficou tão transparente que ele sumiu.
O representante gaúcho na lista ministerial também não passa de lombo liso. Osmar Terra (PMDB-RS), da Saúde, já respondeu ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul por irregularidades em suas gestões e condenado ao pagamento de multas (http://www.atlaspolitico.com.br/perfil/2/424 )na Secretaria de Saúde e na Prefeitura de Santa Rosa. Alvo de inquérito no STF por sonegação de documentos, Terra é um dos nomes que circulam nas mensagens do celular de Léo Pinheiro (OAS), condenado a 16 anos de prisão na Lava Jato. Outro gaudério, o chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, é investigado pelo Ministério Público Federal desde 2009. Padilha teria contratos irregulares através de empresas controladas por ele junto à Comunidade Evangélica Luterana São Paulo.
Ah, sim, em tempo: o golpe que apeou temporariamente a presidenta eleita Dilma Rousseff do seu cargo, teve como motivação “política” o combate à corrupção… Mas, como se sabe, ela não tem contas no exterior e não é citada de forma condenável na Lava Jato nem em qualquer outra investigação policial.
Se a defecção crescente do ministério temeroso continuar neste ritmo, será mais fácil apertar no F 5 do teclado para saber quem foi o deletado do dia.
Texto: José Antônio Silva, jornalista
