“Novilíngua” é um idioma fictício criado pelo escritor George Orwell em seu romance clássico “1984”, representando uma sociedade futurista e autoritária. Esta língua, entre outras coisas, “condensava” ou “removia” alguns sentidos das palavras, para que o entendimento da população sobre o que se passava de fato também fosse menor.
Pode-se dizer que a grande mídia, o alto empresariado e os setores conservadores no Brasil também usam e abusam de uma espécie de “novilíngua”.
Por exemplo: “Flexibilização” da CLT fica muito mais simpático do que falar em perda de direitos dos trabalhadores.
“Agilizar” licenças ambientais, por exemplo, pega melhor do que dizer que vão passar de trator em cima de normas e leis que protegem o meio ambiente.
A palavra “Terceirização” não revela todo o seu potencial de precarização de serviços, com perda de empregos fixos, de carreiras profissionais e de garantias legais.
Mas é esta novilíngua que é aplicada na comunicação para mascarar as políticas neoliberais que Michel Temer vem procurando concretizar ao máximo, embora seu governo seja temporário e interino.
Caixa: corte no adicional dos avaliadores
A histórica Caixa Federal, de muitos e bons serviços prestados ao Brasil – inclusive como gestora de programas sociais que arrancaram milhões de pessoas da miséria – prossegue em sua sanha reestruturadora. Menos caixas trabalhando nas agências. Mais serviço sobre os ombros dos colegas que permanecem nos cargos. Pior atendimento prestado aos clientes.
E agora, volta-se ao corte do adicional por insalubridade aos bancários que atuam como avaliadores de penhor. Função de risco: é preciso trabalhar com produtos químicos nocivos à saúde.
Só os gestores da empresa não se importam com isso.
Imóveis de luxo
Enquanto, de um lado, corta os ganhos justos do trabalhador, de outro a Caixa agora oferece financiamento para a compra e a especulação com imóveis de alto valor. O banco passa a financiar imóveis de até R$ 3 milhões, o dobro do limite de financiamento em vigor até agora, que é de R$ 1,5 milhão.
Você já sabe: menos recursos para a moradia popular, políticas sociais e abalo no microcrédito, que gera emprego e renda.
Texto: José Antônio Silva, jornalista