Debates em torno dos anseios da categoria e da conjuntura nacional deram a tônica ao plano de lutas e à minuta de reivindicações aprovada na 24ª Conferência Nacional dos Bancários
Representantes da categoria bancária de todo o país aprovaram, neste domingo (12), no encerramento da 24ª Conferência Nacional dos Bancários, o plano de lutas e a minuta de reivindicações que será apresentada à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para que se dê início às negociações da Campanha Nacional 2022.
“Mais do que recompor a inflação, os bancários, que trabalharam para garantir lucros astronômicos aos bancos, querem ter aumento real em seus salários e a manutenção de todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho em vigência”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, ao lembrar que o lucro somado dos cinco maiores bancos do país (Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) alcançou R$ 27,6 bilhões entre o final de março de 2021 e o final de março de 2022, crescimento de 17,5% no período.
“Mas, neste contexto de pandemia, as questões relacionadas à saúde do trabalhador também terão destaque nesta campanha”, completou.
Novas regras para uma nova realidade
A questão da saúde dos trabalhadores(as) bancários(as) permeou os debates dos encontros por bancos e da Conferência Nacional. Na mesa de encerramento, Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT, fez uma análise sobre a dura realidade dos bancários pontuando a questão das sequelas da Covid-19 como um fator novo nas negociações deste ano.
Para Mauro, é consenso na categoria que a Saúde deve ser uma prioridade na campanha. O Coletivo de Saúde apontou três prioridades de negociação com os bancos: o alto nível de adoecimento psíquico da categoria, imposto pela cobrança excessiva e abusiva por metas e assédio moral; não perseguição de colegas que adocem, e as sequelas da Covid. Este último, um fator novo que entrou como cláusula nova da minuta.
Mauro relatou que uma pesquisa da Unicamp constatou que 44% dos nossos colegas estão trabalhando sem as plenas condições de trabalho. “Os bancos têm a obrigação de fazer uma avaliação médica, acompanhamento desses colegas, garantir o tratamento”, afirma.
Mauro destacou que a Covid-19 deixa sequelas, especialmente, relacionadas à cognição, memória e concentração, habilidades essenciais para o trabalho bancário. “Nossos colegas estão trabalhando sem a capacidade total de trabalho e isso gera consequências na saúde, mas também profissionais de não conseguir entregar os resultados. Cláusula nova diante de uma nova realidade e isso estará pautado na nossa Campanha Nacional”.
Anseios da categoria
Os anseios da categoria, tirados a partir de debates nas bases em todo o país e embasados na Consulta Nacional à categoria, que contou com mais de 35 mil participações, mostrou necessidade da luta para a construção de um Brasil sem fome, com equidade, emprego digno e salário justo, mais investimentos em saúde e educação, democracia, soberania e que valorize suas empresas estatais e bancos públicos.
Reivindicações aos bancos
O conjunto cláusulas da minuta de reivindicações para a Campanha Nacional dos Bancários 2022 foi aprovada por 99,1% das delegadas e delegados da conferência. Entre os pontos que foram votados separadamente, foi aprovada a reivindicação de aumento real de 5% de nos salários e demais cláusulas econômicas (INPC + 5%) e aumento para os vales refeição e alimentação.
“As reivindicações da categoria são importantes, mas a consulta nos mostrou também que bancárias e bancários também estão preocupados com o que acontece no país e querem um Brasil mais justo, com equidade, sem preconceito e discriminação. Um país com emprego, mais investimentos em saúde e educação. Um país que valorize os trabalhadores e que, por isso, acham importante o debate sobre as eleições e a conjuntura sociopolítica e econômica do país”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, que também é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.
Dados da Consulta Nacional aos Bancários apontam que 84,3% da categoria acha muito importante eleger, nas eleições deste ano, candidatos à Presidência e ao Congresso Nacional, comprometidos com as pautas dos trabalhadores. Outros 12,2% classificam como importante.
Bancários querem contribuir com a transformação do Brasil
O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, que também faz parte do Comando Nacional, apontou durante a mesa de encerramento que os bancários aguardavam com ansiedade as decisões da Conferência porque estão sofrendo.
“Nossos colegas bancários, nossas colegas bancárias estão sofrendo, estão doentes e aguardando levarmos daqui o tratamento que eles precisam no dia a dia: concurso público, contratações, reposição das perdas salariais que acumulamos ao longo desse governo”, refletiu.
Para Luciano, a categoria sai unificada e fortalecida da Conferência para defender não só o “tratamento”que os bancário(as) precisam, mas também uma nova realidade para o país. “Não são só os colegas bancários que estão doentes. O nosso país está doente! E essa doença se chama fascismo, se chama bolsonarismo. Ela tem um remédio com nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva. Vamos eleger Lula em outubro e remover esse veneno que tomou conta do nosso país”. Tenho certeza, disse, “que vamos estar muito fortalecidos nas nossas bases para virar esse jogo e voltarmos a ser um país maravilhoso que já fomos um dia”.
Assembleias
A minuta de reivindicações e as resoluções aprovadas pela 24ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro serão analisadas em assembleias a serem realizadas por sindicatos dos bancários em todo o país nesta segunda (13) e terça-feira (14) e, após aprovada, será entregue à Fenaban na quarta-feira (15).
A Assembleia para bancários e bancárias da base do Sindbancários de Porto Alegre e Região será realizada nesta terça-feira, 14 de junho, de 8h às 20h pelo sistema VotaBem.