Nem bem a terceirização irrestrita foi aprovada, os efeitos nocivos que já atormentavam os bancários começam a se agravar em setores do Bradesco. O Departamento de Suporte de Produtos e Serviços (DSPS), na Cidade de Deus, em São Paulo, teve 10 trabalhadores, muitos com mais de 30 anos de banco e perto da estabilidade pré-aposentadoria, demitidos. E os terceirizados, em menor número e contratados com salários menores e menos benefícios, não conseguem suprir a demanda da área.
“Infelizmente, a terceirização que tanto combatemos foi aprovada na calada da noite por uma maioria de deputados que tem conta a pagar para os banqueiros. Os bancos privados in vestiram pesado em campanhas de deputados e elegeram mais de 200 na atual legislatura da Câmara dos Deputados. Não só já cobraram a conta com a aprovação da terceirização como já estão aplicando”, avaliou o presidente do SindBancários, referindo-se ao PL 4302, aprovado na Câmara dos Deputados em 22/3, e sancionado pelo interino Temer, em 31/3.
Gimenis chamou a atenção também para uma retomada das demissões nos bancos. Seguindo a Pesquisa Nacional do Emprego Bancários, divulgada no início de abril, os bancos demitiram, de janeiro a março, 989 bancários, índice somente inferior às mais de 1 mil demissões do mesmo período de 2014. “Estava dado isso e os dirigentes sindicais avisaram. Esse projeto da terceirização ia causar desemprego. O conluio entre os banqueiros e o governo ilegítimo do Temer só podia dar no que deu. Num fracasso retumbante. Estão gerando desemprego e aprofundando uma crise financeira com repercussões nas vidas de cada um dos trabalhadores deste país”, disse Gimenis.
O presidente do SindBancários disse que a hora é de os bancários se unirem, participarem dos chamados à mobilização e fortalecerem a resistência aos ataques aos direitos conquistados com muita luta e muita greve. O próximo passo de participação dos bancários é do chamado das Centrais Sindicais para a participação na greve geral de 28 de abril. O SindBancários irá divulgar um calendário de mobilização que incluirá a organização de assembleia e de atos de mobilização para esquentar a participação no movimento de paralisação nacional.
Realocações e incertezas
O processo de terceirização do setor de expedição de malotes começou em dezembro do ano passado, e a conclusão estava prevista para o mês seguinte. Como a empresa contratada não tinha conseguido suprir a demanda de cerca de 5,4 mil malotes expedidos diariamente, 24 horas por dia, o prazo para a conclusão da terceirização foi estendido até fevereiro deste ano. Nesse período, os bancários do setor continuaram trabalhando, com a garantia de que seriam realocados para outras áreas ao fim do processo.
“Na oportunidade, os gestores garantiram a realocação, mas não foi o que aconteceu. Já foram demitidos cerca de 10 funcionários, muitos deles com mais de 50 anos de idade, alguns em estabilidade pré-aposentadoria e outros perto de consegui-la”, denuncia o cipeiro da Cidade de Deus, Valdemar Piu-Piu.
Segundo ele, as demissões não tiveram critérios justos, e os gestores que cuidavam do setor durante o dia alegaram que apenas foram avisados sobre os desligamentos dos trabalhadores do período da noite e que não participaram das decisões.
“Os colegas estão revoltados com isso, porque os gestores do período da manhã não acompanham o serviço dos outros turnos, não dão feedback sobre o trabalho, então como podem avaliar o nosso desempenho? Agora está todo mundo indo trabalhar tenso, porque sabemos que podemos ser chamados a qualquer momento e perder o emprego”, lamenta Valdemar Piu-Piu.
“Após quatro meses da mudança, a empresa terceirizada continua tendo dificuldade em manter a qualidade do serviço que era feito por bancários, e muitas agências têm reclamado de problemas com o desempenho atual”, conta, lembrando que o serviço era feito por 30 bancários e agora é realizado por 19 terceirizados que recebem salário inferior ao piso da categoria, têm jornada maior e outros direitos, como o vale-refeição, mais baixos.
Valdemar diz que o setor é mais uma prova de como a terceirização é ruim para os trabalhadores que perdem seus empregos e para os terceirizados, que têm sobrecarga e menos direitos. “O Bradesco não pensa na sua responsabilidade social quando demite colegas faltando pouco tempo para a aposentadoria. É injusto e cruel por parte da gestão”, finaliza.
Pressione deputados estaduais e federais na plataforma Dialoga
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, lembra que há outros ataques em curso, como as reformas da Previdência e trabalhista. Ela convoca os bancários e demais categorias a enviar e-mails aos deputados federais através da plataforma de petições on line, Dialoga. Há três frentes de participação na plataforma de petições on line do SindBancários. Além da terceirização, a manifestação de quem se interessar através do endereço dialoga.sindbancarios.org.br pode incluir envio de emails para deputados estaduais gaúchos para defender o Banrisul público e contra a Reforma da Previdência.
Saiba como participar da petição online Dialoga
> Digite ou clique no endereço http://dialoga.sindbancarios.org.br/
> Preenche os espaços com seu nome, sobrenome e email
> Clique na paleta de cor laranja Assinar e enviar aos Deputados Estaduais gapuchos (55 deputados) ou os 513 deputados federais e os 81 senadores
> Pronto! Seu pedido vai diretamente para os emails para os parlamentares gaúchos e/ou federais
Fonte: Imprensa SindBancários, com SEEB São Paulo