Neste sábado, 4 de novembro, o SindBancários foi palco para a transmissão do Programa Resgate e Tradição, da Rádio Negritude. O programa ao vivo trouxe o debate sobre a importância da ancestralidade nas religiões de matriz africana e, assim, abriu a exposição “Um Tributo a Emília de Oyá Ladja”. A visitação ocorre na biblioteca do Sindicato, até o dia 5 de dezembro, de segunda a sexta, das 9h às 18h. Sob o toque do tambor, os apresentadores André e Procópio de Ogum, colocaram o tema na roda. “Eu devo respeito à minha ancestralidade. Nós reforçamos a importância de lembrar disso, que vire um cotidiano do batuqueiro”, iniciou Pai André, citando várias casas ligadas às religiões afro e suas referências entre os orixás.
Seguindo a programação, o diretor de Diversidade e Combate ao Racismo do SindBancários, Sandro Ferreira Rodrigues, saudou os participantes em nome do Sindicato. “Essa casa é do povo preto e dessa religião que é maravilhosa. A gente vai estar sempre contribuindo com a resistência de vocês, que é, sem dúvida, imprescindível para a luta de uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais solidária”, pontuou o diretor.
“Pra nós é fundamental esse momento em que a gente traz a nossa ancestralidade. Eu, como uma mulher de axé, sempre vi o sindicato como um território que deveria promover a religião de matriz africana, porque todos nós viemos da mãe África. Nesse sentido, o nosso território sindical tem que abarcar todos os movimentos para que tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária”, destacou a secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Ísis Garcia.
No intervalo do programa foi servido um lanche tradicional das casas de religião. Muitos bolos, doces, canjica, bolinho de feijão e outras delícias que remetem à ancestralidade e à cultura afro. No retorno, o diretor do SindBancários Guaracy Gonçalves, que participa do núcleo de diversidade e combate ao racismo do Sindicato, também frisou a importância do evento. “Essa iniciativa de abrir as portas para manifestação cultural e religiosa é importante, porque existe um apagamento da história e da cultura negra, que não é por acaso. É importante a gente resgatar e contar essa história, abrindo esse canal de comunicação e propagação para toda a comunidade”, afirmou.
A diretora de Juventude e Gênero, também integrante do núcleo, Carmen Guedes, enfatizou que a luta é diária e contínua. “Já passou da hora da gente conquistar o nosso espaço, nessa luta que já vem de muito tempo”, pontuou. “Hoje foi escrita mais uma página no nosso sindicato que considero importante. Aqui tem espaço para todos, sem exceção”, complementou o também diretor de Diversidade e Combate ao Racismo do Sindicato, Ernesto dos Santos.
Ao final, a importância do debate político e social para o fortalecimento da história e da cultura do povo negro foi destacada por Moah Sousa, assessor do SindBancários. “O debate religioso, filosófico, as histórias são importantes, mas as nossas bandeiras imediatas são as principais. Precisamos de emprego, de moradia, acabar com o racismo, com a matança e as perseguições. Isso não se faz sem união e força política”, apontou.
O programa reuniu algumas das maiores referências das religiões afro, como pai Rodrigo de Oxalá, Mãe Ianara de Oxalá, Tata Nedendu (Nação Congo-Angola), Mãe Dirce de Nanã e Mãe Vera Soares de Oyá Ladja, descendente da princesa Emília de Oyá Ladja, a homenageada da exposição. “Minha caminhada vem de muito longe, mas aquela que habita dentro de mim e que habitou o corpo e a vida de Emília de Oyá Ladja deve ter 18 anos, porque não consigo parar. Somando todas as falas que ouvi aqui conduzem um novo caminho para as religiões de matriz africana. Só tem ancestral quem tem história”, concluiu.
Imprensa SindBancários