Em aula pública na praça, Olívio Dutra recomenda aos bancários em greve: “Resistir vale a pena!”

Uma aula pública do ex-governador do estado e ex-presidente do SindBancários, o banrisulense Olívio Dutra, na Praça da Alfândega, Centro de Porto Alegre, marcou o 16º dia de greve nacional dos bancários, com mais de 13 mil agências fechadas no país, sendo 295 em Porto Alegre e região e 1.000 em todo o RS. A fala de Olívio, sobre “A organização das lutas dos trabalhadores”, aconteceu em frente à agência central do Banrisul, no final da manhã desta quarta-feira, 21/09. Frente aos bancários, sindicalistas e passantes, o ex-governador saudou o movimento de resistência da categoria, mas recomendou: “Nós bancários precisamos ter a máxima unidade nesta luta, porque o sistema financeiro é unitário”.

Com sua fala pausada e o tom gauchesco característico, Olívio explicou: “Hoje, no Brasil, até os bancos públicos são obrigados a trabalharem com as regras dos bancos privados. E não podemos esquecer que estas regras são internacionais”. Conforme ele, os bancos cada vez geram menos empregos e buscam reduzir as conquistas trabalhistas, pois “têm lucros geométricos, enquanto os salários seguem uma escala aritmética”.

Taxas bancárias

As taxas bancárias hoje vão aos céus, recordou ele. “É preciso ter leis que regulamentem isso – mas quem faz as leis?”, questionou. “São os políticos que o capital elege, e que trabalham em benefício deste sistema financeiro”. Olívio Dutra informou aos ouvintes, que o escutavam com respeito na praça: “A banca financista mundial, junto com pouco mais de 500 megaempresas, atualmente definem os rumos do mundo e até financiam as guerras, inclusive o terrorismo”, pontuou.

Olívio Dutra recordou o período em que entrou no Banrisul por concurso, em 1961, em São Luiz Gonzaga. “Entrei como contínuo e até varria a agência. Depois, aos poucos, chegaram as inovações científico-tecnológicas. São muito importantes, mas não podem substituir o homem pela máquina”, frisou. Olívio disse que em 1975, quando foi eleito presidente do SindBancários,  a categoria ainda trabalhava aos sábados. “Nossa luta sempre foi seríssima, e avançamos em nossas conquistas”.

Contra as privatizações

“Não podemos permitir que os bancos públicos sejam privatizados, pois isto significa privatizar o próprio estado”, ressaltou. Também ex-ministro das Cidades no governo Lula, Olívio Dutra ainda defendeu a redução da jornada de trabalho nos bancos sem redução de salário. “Os bancos podem muito bem atender melhor a população, ficando abertos 8h por dia”, disse. “Basta que contratem mais bancários e mantenham três equipes. Hoje, os bancários são massacrados por excesso de demandas e exigência de metas, gerando adoecimento”.

Ameaça aos direitos trabalhistas

Sobre o governo ilegítimo de Michel Temer, destacou que hoje há a ameaça de perda de direitos e aumento das jornadas de trabalho no Brasil, o que gera adoecimento. “Não podemos permitir estas derrotas”, disse.

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No entendimento de Olívio Dutra, as greves “são parteiras das mudanças e uma escola para dirigentes e para os quadros sindicais, mesmo que nem todas as conquistas aconteçam naquele momento”. Deu como exemplo de movimentos sociais que geram resultados muito tempo depois, a Revolução Farroupilha. “Ela é importante para todos nós, mas tem aspectos nebulosos, como o massacre dos lanceiros negros e o fato do próprio líder da revolta, Bento Gonçalves, ser um grande estancieiro com muitos escravos”, recordou aos ouvintes.

“O lado positivo é que ela pregava a república, no lugar da monarquia. Mas isto só foi acontecer mais de 40 anos depois”, frisou. “Uma luta semeia consciência e ideais. Por isso mesmo, persistam com a greve, com a luta, paciente e impacientemente”, recomendou. “Resistam, pois vale a pena!”, concluiu Olívio Dutra, finalizando sua aula pública.

Assista abaixo a vídeo da palestra de Olívio Dutra:

Fotos: Carol Ferraz

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