“Orestes” estreia na grade de programação do CineBancários com sessão especial gratuita na quinta-feira, 24/9. A exibição será às 19h e, depois, haverá um debate com José Roberto Michelazzo, personagem do longa-metragem, Marcelo Perrone, crítico de cinema da Zero Hora, e outros convidados. O documentário de Rodrigo Siqueira (“Terra Deu, Terra Come”) apropria-se da história de Ésquilo e promove encontro com a história do Brasil. O filme será exibido nas três sessões diárias da nossa sala de cinema: às 15h, 17h e 19h.
ORESTES, de Rodrigo Siqueira
Quinta-feira, 24/9, às 19h, no CineBancários (Rua General Câmara, 424, Centro Histórico de Porto Alegre)
ENTRADA FRANCA
Retirada de senhas a partir das 18h30
SESSÃO COMENTADA
Com presenças de José Roberto Michelazzo, personagem do longa-metragem, Raul Ellwanger, da Comissão Nacional da Verdade, Marcelo Perrone, crítico de cinema da Zero Hora, e outros convidados.
SINOPSE
Em 458 a.C., Ésquilo encenou a trilogia Oréstia. A tragédia culmina com o julgamento de Orestes, que matou a própria mãe para vingar a morte do pai. A sua absolvição pelo júri de atenienses colocou fim ao olho por olho, dente por dente e converteu as Erínias, deusas da vingança, em Eumênides, como defensoras da democracia, um marco civilizatório na cultura ocidental.
O documentário Orestes apropria-se da história de Ésquilo e promove o seu encontro com a história do Brasil. E se Orestes fosse brasileiro, filho de uma militante política e de um agente da ditadura militar infiltrado? E se aos seis anos ele tivesse visto sua mãe ser torturada e morta pelo pai? E se este mesmo Orestes, 37 anos depois, matasse o pai, um torturador anistiado em 1979, durante o processo de redemocratização?
A partir dessas perguntas, o documentário Orestes usa um júri simulado e uma série de sessões de psicodrama para investigar como a ditadura militar deixou marcas profundas nas narrativas oficiais e na subjetividade dos brasileiros. Documentário e ficção compõem um Brasil de verdades simuladas.
No filme, o réu hipotético Orestes é levado a júri popular. Em sua defesa atua o ex-ministro da justiça José Carlos Dias, advogado de mais de 600 presos políticos durante a ditadura. Quem acusa é o promotor Maurício Ribeiro Lopes, exímio orador e performer em tribunais criminais.
O coro desta tragédia documental à brasileira é composto por um grupo de pessoas vítimas da violência policial, vítimas da ditadura e da sociedade civil. Reunido em sessões de psicodrama o grupo faz aflorar, sem filtros, situações e falas que normalmente não são ditas publicamente. É através do coro que os ritos da justiça são postos frente a frente com as paixões mais profundas do brasileiro comum, é no psicodrama que o presente olha para os traumas do passado.
As feridas deixadas pelo nosso violento e muitas vezes velado ou dissimulado processo histórico, permeiam o filme. As marcas da repressão nos anos 1970 encontram as marcas da violência policial de hoje. A verdade histórica é posta em xeque, as narrativas oficiais são desconstruídas, o fato e a versão são acareados, a justiça é posta em dúvida. No Brasil de 2015, talvez as Erínias, deusas da vingança, ainda estejam vivas e mais atuantes que nunca.
Júri simulado do filme tem o ex-ministro da justiça José Carlos Dias na defesa e Maurício Ribeiro Lopes na acusação.
O DIRETOR
Rodrigo Siqueira é jornalista, trabalhou como editor de textos e imagens em televisão e internet e foi pesquisador para longas metragens antes de iniciar sua carreira de diretor. Como realizador de cinema, produziu, dirigiu e montou o longa metragem “Terra deu, terra come”, que foi o documentário brasileiro mais premiado no biênio 2010/2011. Também é produtor e diretor do longa documentário “Vaca, Galo, Porco” sobre a cultura do jogo do bicho, em fase final de pós-produção; e de “Brazil”, longa documental sobre imigrantes mineiros nos EUA. Atualmente desenvolve mais um longa e uma série documentais, além de trabalhar em um roteiro de ficção autoral.