A trajetória de Gianfrancesco Guarnieri estreia no cinema e na televisão no ano em que a peça “Eles não usam black-tie”, escrita por ele, completa 60 anos. Um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, o ator, dramaturgo e diretor é tema do documentário “Guarnieri”, que entra em cartaz dia 10 de maio no CineBancários, nas sessões das 15h e 19h. Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema ou no site www.ingresso.com/porto-alegre/home/cinemas/cinebancarios . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados e pessoas com deficiencia pagam R$ 6,00.
O documentário
Gianfrancesco Guarnieri foi ator de grande sucesso na televisão, autor fundamental na história do teatro brasileiro e imagem-síntese do artista engajado. Era uma figura pública excepcional, mas em relação a seus dois filhos mais velhos sua figura paterna estava mais para ausente. Contrariando os caminhos do pai, os filhos Flávio e Paulo, também atores, assumiram um total distanciamento entre arte, trabalho e política, privilegiando a esfera da família. A partir desses dois retratos geracionais, o diretor Francisco Guarnieri procura reconstruir a figura de seu avô distante. Valendo-se de materiais de arquivo tanto pessoais quanto públicos, entrevistas e reencenações, o filme pretende refletir sobre um passado ao mesmo tempo nacional e privado, e sobre o papel do indivíduo na sociedade, na arte e na família.
PRÊMIOS DO FILME
– Prêmio RECAM no 21º Florianópolis Audiovisual Mercosul, 2017, Florianópolis, SC
– Menção Honrosa no DOC-FAM do 21º Florianópolis Audiovisual Mercosul, 2017, Florianópolis, SC
– Prêmio de Melhor Roteiro no 16º RECINE – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, 2017, Rio de Janeiro, RJ
PARTICIPAÇÃO EM FESTIVAIS
– 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, 2017, Tiradentes, MG
– 21º Florianópolis Audiovisual Mercosul, 2017, Florianópolis, SC
– 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, 2017, Brasília, DF
– 16º RECINE – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, 2017, Rio de Janeiro, RJ
– 12º Festival Tucuman Cine, 2017, Argentina
– XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema, 2017, Salvador, BA
– XX Ícaro Festival Internacional de Cine, 2017, Guatemala
Francisco Guarnieri: neto e diretor
O diretor do filme, Francisco Guarinei, filho de Paulo Guarnieri, estudou História e Audiovisual e atuou como crítico de cinema e televisão nas revistas Contracampo, Paisà e O Pasquim 21. Possui uma parceria criativa com o roteirista Hilton Lacerda, dirigiu os curtas-metragens Cidade 08 e Carol e editou o telefilme A Espiritualidade e a sinuca, de Lírio Ferreira. Escreveu, com Marina Person, o primeiro longa de ficção da diretora, Califórnia, vencedor do Prêmio de Melhor Roteiro no Festival MIXBrasil. Colaborou no roteiro do documentário As Incríveis histórias de um navio fantasma, exibido na ESPN Brasil, e é criador da série Quero ter um milhão de amigos, em exibição na Warner Channel Brasil, onde também é um dos protagonistas. “Guarnieri”, sobre o avô Gianfrancesco, é seu primeiro longa-metragem como diretor.
Guarnieri
por Francis Vogner dos Reis, crítico de cinema e corroteirista do documentário
Apesar de ter como personagem central o ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, o documentário não é biográfico. O filme também lida com um conflito familiar, mas tampouco é um documentário de perspectiva intimista, no sentido de transformar os afetos pessoais em elemento estruturante. Ao usar a primeira pessoa e implicar o seu ponto de vista pessoal, o diretor Francisco Guarnieri busca menos falar de si e mais fazer uma mediação entre as diferentes gerações de sua família e adotar um ponto de vista crítico frente aos conflitos geracionais, artísticos e políticos entre seu falecido avô Gianfrancesco Guarnieri, seu pai Paulo Guarnieri, seu tio Flávio Guarnieri e si próprio, o último da linha genealógica que também herdou o ofício da arte. Os afetos e a arte aqui possuem uma perspectiva histórica. Francisco Guarnieri é fiel ao avô no sentido de entender os conflitos familiares e pessoais subordinados às vicissitudes do tempo histórico e do compromisso do indivíduo com o destino coletivo, não o individual. Para tanto, ele usa a própria obra de Guarnieri no teatro – “Eles Não Usam Black-tie” (1958) e “A Semente” (1961) – para iluminar e problematizar os conflitos geracionais de natureza artística, pessoal e política. Ambas as peças trabalham a divisa entre a ação política (o destino histórico) e o conforto pessoal e familiar (destino individual), temas que se revelam assuntos fundamentais de Francisco Guarnieri com seu tio, Flávio, e seu pai, Paulo. O conflito familiar entre o Guarnieri politizado e distante dos filhos, que veria na arte um modo de intervenção na vida e no mundo, dos filhos Paulo e Flávio que seriam representantes de uma geração mais pragmática e conservadora politicamente que separou arte e política, e do neto, o próprio diretor, que se interroga pelo legado do avô que conheceu pouco (mas que se sente ligado ideologicamente) e das diferenças inconciliáveis com a geração de seu pai e tio. Para tanto o filme se faz como um ensaio sobre as aproximações e distensões entre arte, política, trabalho e família, a partir de imagens de arquivo do trabalho de Gianfrancesco Guarnieri no Arena, no cinema e na televisão, como também de suas declarações públicas sobre arte e intervenção política. O diretor também realiza entrevistas com Flávio e Paulo Guarnieri para implicar alguns pontos de conflito entre o idealismo da geração de seu avô, o pragmatismo da geração e seu pai e seu tio e a orfandade da sua própria geração que se vê um pouco atrelada ao modelo dos pais sem saber ao certo como ressignificar o legado do modelo do avô. A leitura das peças “A Semente” e “Eles Não usam Black-tie” – assim como também as imagens do filme de Leon Hirszman – ajudam a criar um espelhamento tortuoso mas também distintivo entre a obra de Guarnieri, a história de sua família (com suas distâncias, afinidades e lacunas), o inevitável conflito de gerações e a trajetória do Brasil dos anos 1950 para os tempos de hoje, passando pela ditadura, pela democratização e
pelas inquietações políticas atuais.
O filme reflete sobre a responsabilidade do artista para com o seu tempo e os encontros e desencontros entre gerações com pontos de proximidade e divergência, por meio da história de uma família que se faz entre o amor e as lacunas afetivas, entre a presença e ausência, entre a arte e política
FICHA TÉCNICA
Duração: 72 minutos
Ano de produção: 2017
Cidade: São Paulo
País: Brasil
Gênero: Documentário
Subgênero: Biografia, Teatro, Política, Ditadura, Família
Formato: HD, 1080p24
Tela: 1:1,77 (16:9)
Som: Dolby SRD
Com Flávio Guarnieri e Paulo Guarnieri
Elenco complementar: Ney Luiz Piacentini, Rodrigo Bolzan Camargo e Rodrigo Pavon
Direção: Francisco Guarnieri
Produção: Carmem Maia e Gustavo Rosa de Moura
Produção: Executiva Felipe Rosa
Direção de Produção: Bia Almeida e Felipe Rosa
Argumento: Francis Vogner dos Reis e Francisco Guarnieri
Roteiro: Bernardo Barcellos, Francis Vogner dos Reis e Francisco Guarnieri
Montagem: Bernardo Barcellos
Pesquisa de imagens: André Bomfim
Direção de Fotografia: Francisco Orlandi Neto
Som Direto: Vitor Durante
Edição de Som: Rubén Valdes
Mixagem: Daniel Turini e Fernando Henna
Design: Felipe Sabatini
Companhia produtora: Mira Filmes
10 de maio (quinta-feira)
15h – Guarnieri
17h – Todos os Paulos do Mundo
19h – Guarnieri
11 de maio (sexta-feira)
15h – Guarnieri
17h – Todos os Paulos do Mundo
19h – Guarnieri
12 de maio (sábado)
15h – Guarnieri
17h – Todos os Paulos do Mundo
19h – Guarnieri
13 de maio (domingo)
15h – Guarnieri
17h – Todos os Paulos do Mundo
19h – Guarnieri
15 de maio (terça-feira)
15h – Guarnieri
17h – Todos os Paulos do Mundo
19h – Guarnieri
16 de maio (quarta-feira)
15h – Guarnieri
17h – Todos os Paulos do Mundo
19h – Guarnieri
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