A conversa foi amistosa, mas, nem por isso, o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, e outros cinco dirigentes sindicais, funcionários do Bradesco, deixaram de fazer relatos e questionar o novo Diretor Geral do Rio Grande do Sul sobre problemas de gestão e mudanças culturais urgentes. Cobranças acintosas de gestores e até mesmo humilhações passaram a fazer parta da rotina dos bancários do Bradesco nos últimos tempos. Não era assim. Durante as cerca de 1h e 40 minutos, da tarde da sexta-feira, 3/2, na sede da Diretoria Regional, no Centro de Porto Alegre, os dirigentes pediram ao novo Diretor Regional do Bradesco, Joel Queiroz de Lima, uma mudança cultural: no lugar do assédio moral como modelo de gestão, é preciso valorizar os trabalhadores e reconhecer a importância de cada colega como importante para manter o Bradesco um banco sólido.
Os dirigentes foram ouvidos com atenção pelo novo diretor regional e pela gerente de Relações Sindicais, Priscilla Wallace Buck Mosca. Os representantes dos trabalhadores obtiveram o compromisso do diálogo como postura. Com 33 anos como funcionário do Bradesco, Joel Queiroz, natural de Minas Gerais e executivo que já trabalhou em todas as regiões do país, assumiu o compromisso de tornar a vida dos colegas do Bradesco melhor.
“Fomos até a Direção Regional nos apresentar ao novo diretor e dizer a ele que vamos manter a nossa postura de apostar na negociação. Relatamos a ele os problemas de assédio moral que estavam deixando os colegas não só preocupados, mas adoecidos. Havia aqui uma cultura de cobrança acintosa e até de humilhação. Os gestores devem pensar em ganhar o grupo de trabalho com educação, respeito e bom exemplo. Porque, na hora difícil, o gestor vai precisar que os funcionários o ajudem”, avaliou o presidente do Sindicato, Everton Gimenis.
“A gente resolve as coisas conversando e sabendo dos problemas. O melhor caminho é o diálogo. Temos as nossas decisões corporativas, mas vejo como muito bom conversarmos sempre. A nossa política de RH é buscar sempre a oportunidade de dialogar”, disse Joel.
Vale-cultura, postos de atendimento, pós-assalto e HSBC
Além de conversar sobre questões estruturais que envolvem as decisões corporativas do banco, os dirigentes cobraram informações sobre a manutenção do vale-cultura, o processo de transformação de agências em postos de atendimento, o retorno de funcionários reabilitados após afastamento por causa de assalto e da necessidade de haver mais investimentos em estruturas físicas nas agências do HSBC, incorporadas ao sistema Bradesco no ano passado.
Do novo diretor regional, ouviram que a questão do Vale-cultura não depende apenas do Banco. Trata-se de uma lei nacional que precisa da participação do governo federal na decisão de manter compensações às empresas que aderem ao Empresa Cidadã e podem descontar os valores em alíquotas de impostos. Em relação aos postos de atendimento, Joel Queiroz disse que não tem orientação cocorporativa de iniciar processo de transformação de agências em postos de atendimento. No que se refere às novas agências do HSBC, anunciou que é preciso melhorar as condições físicas e que os problemas estruturais das agências, muitas vezes, relacionam-se à “falta de feedback” e deu a entender que vai estimular gestores de agências a comunicarem e solicitarem qualquer tipo de obra de melhoria.
Licença-paternidade
Uma das questões levantadas durante a reunião relacionou-se a uma notícia dada pela agente de Relações Sindicais, Priscilla Wallace. Ela disse na mesa que o Bradesco acabara de anunciar a implantação da licença-paternidade de 20 dias. Como a notícia era recente, Priscilla pediu aos dirigentes sindicais um prazo para detalhar procedimentos aos funcionários que tenham direito a usufruir do benefício, sobretudo em relação a um curso obrigatório de paternidade responsável que os pais devem cumprir para se tornarem aptos a receberem o benefício. Ainda não há orientação da Febraban para procedimento em relação ao benefício.
Dirigentes sindicais sugeriram que o Bradesco pudesse ser flexível em relação ao cumprimento da carga horária do curso, pois os pais podem ter dificuldade de horário para cumprir as horas-aulas necessárias em função da jornada de trabalho.
Além do presidente do SindBancários, os diretores Geovana Freitas, Marcelo Paladin, Edson Ramos da Rocha, Gilnei Vestfal e Ronaldo Gross participaram da reunião.
Fonte: Imprensa SindBancários