Depois de mesa de negociação com proposta ainda insuficiente dos bancos no sábado 22/08, bancários mostraram força na mobilização para pressionar Fenaban por proposta decente na próxima rodada de negociação
A tarde clássica do domingo, 23/8, de sol de inverno em Porto Alegre, foi o cenário em que os bancários de Porto Alegre e Região mostraram força na mobilização contra os ataques aos seus diretos, que a Fenaban promove nas mesas de negociação com o Comando Nacional dos Bancários na Campanha Salarial 2020.
Se eles querem arrancar as gratificações, a gente rejeita na mesa. Se eles pensam que vamos aceitar redução na PLR e reajuste zero, estão muito enganados.
A Carreata dos Bancários, que também aconteceu em várias outras cidades país a fora nesse final de semana, mostrou que a combinação de estratégia de mobilização nas redes sociais, com criatividade que os bancários sempre tiveram, inaugura uma nova etapa na luta. É preciso mudar os tradicionais atos de ruas para atividades que evitem aglomerações e garantam a preservação da saúde.
E o tom foi de denúncia e indignação. Em resumo, nem na pandemia os bancos deixaram de lucrar – cerca de R$ 30 bilhões no primeiro semestre somando os lucros dos cinco maiores bancos do país – o que mostra que não há motivos para atacar direitos históricos dos bancários.
A carreata ocorreu um dia depois da mesa de negociação com a Fenaban. No sábado, 22/8, por videoconferência, os banqueiros chegaram a recuar em algumas das maldades que propuseram anteriormente. Voltaram a garantir a 13ª Cesta Alimentação.
Toparam negociar cláusulas referentes ao teletrabalho para o nosso acordo. Mas ainda apresentaram uma proposta rebaixada de PLR e de redução nas gratificações.
De cima do caminhão de som, dirigentes se alternavam nas críticas. Os bancos continuam lucrando e querem recuperar um lucro menor, durante a pandemia, compensando perdas com retiradas de direitos dos bancários em todo o país.
Assista em vídeo cobertura completa da Carretada dos Bancários
Não têm motivo para atacar verbas salariais conquistadas com muitas lutas e muitas greves ao longo de muitos anos. Afinal, o governo federal ajudou com isenções fiscais de mais de R$ 1 trilhão para o setor financeiro assim que a crise do novo coronavírus se iniciou no país.
Carreata surpreende pela participação
Em tempos de pandemia de Covid-19 e da impossibilidade de realizar atos de rua com as tradicionais aglomerações dos(as) bancários(as) em suas lutas por melhores condições de trabalho, os trabalhadores do setor financeiro tiveram que mudar de estratégia.
Por isso, a Carreata dos Bancários surpreendeu pela participação. Houve um momento em que o caminhão de som, na vanguarda da coluna de carros, estava no final da Avenida Mauá, Centro Histórico de Porto Alegre, enquanto carros ainda saíam pela rua Caldas Junior.
Levando-se em consideração que a atividade foi chamada no final da tarde de sábado, logo após o encerramento da mesa de negociação nacional voltar a apresentar propostas rebaixadas, podemos afirmar que foi uma atividade vitoriosa, que deu o recado necessário para os banqueiros.
O Comando Nacional dos Bancários, do qual o SindBancários participa através de seu presidente em exercício, Luciano Fetzner, tem agendada com a Fenaban nova rodada de negociações para a próxima terça-feira, 25/8.
A reunião ocorre no mesmo dia em que Sindbancários está convocando, às 18h, assembleia virtual para avaliar coletivamente o andamento das negociações e pensar nos próximos passos da nossa campanha nacional unificada.
Assista a vídeo da Carreata dos Bancários e saiba o que está acontecendo na Campanha Nacional 2020
Pressão nas redes fez banqueiros recuar nas maldades
Depois de uma semana de protestos nas redes sociais e pressão sobre os banqueiros, no sábado, 25/8, os representantes dos bancos recuaram. Mantiveram a 13ª cesta alimentação, mas apresentaram proposta reduzida na PLR e nas gratificações. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na mesa e chamou assembleias para a próxima terça-feira, 25/8.
O presidente em exercício do SindBancários, Luciano Feztner, exaltou a importância da carreata, que reuniu dezenas(as) de bancários(as), na tarde do domingo, e a necessidade de mudar as estratégias históricas em tempo de pandemia de Covid-19. O tom de Luciano é de indignação.
“Nesta pandemia está mais do que provado que, se não fosse o sangue e o suor dos trabalhadores, muitas empresas estariam fechadas. Somos nós, os trabalhadores de todo o país, que garantimos o lucro das grandes empresas. E os bancos são as grandes empresas que mais lucraram, com ou sem pandemia. Exigimos respeito dos bancos”, afirmou Luciano, lembrando que, durante a Carreata dos Bancários, todas as providências sanitárias de combate à propagação do novo coronavírus foram tomadas.
Para o diretor da Fetarfi-RS, Sergio Hoff, os bancos estão no caminho errado do que se espera de instituições financeiras que lucram muito. Afinal, aumento de salário injeta recursos no mercado e ajuda os mais variados setores da economia a superarem crises.
“Sabemos que redução de lucro dos bancos não é prejuízo. É lucro ainda. Não podemos permitir que retirem nossos direitos num momento como este. Tudo que o banqueiro quer é retirar o fruto da luta que fizemos por vários anos”, salientou Sergio.
Para o diretor de saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles, nem na pandemia os bancos agem no interesse de ajudar o país. “Quando é que banco se dá mal? Banco nunca se dá mal. Quem se dá mal é o pequeno comerciante, o pequeno empresário e o trabalhador. Até mesmo com a atividade econômica em baixa, quem se dá bem são os bancos”, acrescentou Mauro.
Fonte: Imprensa SindBancários