Digita. Atende. Vende. Conta. Esses verbos conjugados no modo imperativo, aquele de mando, parecem familiares? Bem, se formos acrescentar mais duas imposições, teremos quase que um resumo da vida dos bancários nas agências. Corre e Produz. Pois bem, estamos, definitivamente falando da rotina dos bancários.
Mas quem conjugou estes verbos? Foi o Grupo Trilho de Teatro Popular em mais um dia de Caravana dos Bancários na Campanha Salarial 2016. Na sexta-feira, 26/8, agências bancárias do Bairro Moinhos de Vento e das avenidas Cristóvão Colombo e Benjamin Constant receberam visita da Caravana.
Assista ao vídeo da caravana com o Grupo Trilho de Teatro Popular.
Na agência do Bradesco, da avenida Mostardeiros, logo cedo os colegas se juntaram no saguão de entrada para receber o recado. Dois atores do Grupo Trilho de Teatro Popular ofereceram um esquete crítico sobre as dificuldades dos bancários. Os verbos impositivos acima mencionados podem ser traduzidos e de forma repetitiva. As imposições fazem parte de um sistema de gestão estrutural. As imposições, quer dizer, os verbos, significam assédio moral, pressão por metas abusivas, o que leva os bancários ao adoecimento.
O esquete de dois atores contou em gestos, sons e poucas palavras o que é a rotina dos bancários. Acorde pela manhã, tome café, vista-se e corra para o banco. Para correr atrás das metas. Um dos atores representou o chefe. O outro era o funcionário multitarefa que não consegue executar ou seguir todos os verbos de mando ao mesmo tempo. Claro que é tomado como um inútil.
Por isso, os dois personagens percorriam as agências, chegavam até a clientes e bancários e pediam: “Tu me ajuda a bater a minha meta?” Houve quem dissesse não. Para bancárias, os atores ofereciam uma flor. Para chefes, invariavelmente, uma pedra entregue em mãos simbolizava o peso da meta na vida dos bancários e das bancárias.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, explicou que este ano a Campanha Salarial 2016 será difícil. Os banqueiros da Fenaban, já na segunda mesa de negociação, vieram com uma conversa fiada. O Comando Nacional dos Bancários espera uma proposta para a próxima segunda-feira, 29/8.
“Entregamos a pauta nacional para a Fenaban em 9 de agosto. Eles já tiveram tempo de analisar toda ela. Então, queremos que eles façam uma proposta decente de reajuste. E que não venham ficar na mesa de negociação dizendo que nós somos uma categoria invejável, que já ganhamos tudo e não precisamos de nada”, afirmou o presidente.
Se, na agência do Bradesco, a audiência dos colegas foi maciça, na SUREG do Banrisul, o efeito da peça de teatro foi adiante e teve até manifestação política de uma colega bancária. Gimenis explicou que a deputados e senadores conservadores afiam as unhas cravá-las em nossos direitos. E retirá-los. O atual estado da política no Brasil está deixando os partidários do retrocesso livres ou muito encorajados para atacar nossos direitos e nos impor retrocessos. Todos com o projeto do interino Michel Temer a lhes dar suporte.
A luta é contra o retrocesso
Gimenis alertou que o negociado sobre o legislado, a terceirização e a previdência social são os alvos dos conservadores que tomaram o Brasil. O negociado sobre o legislado pretende fazer com que os direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) se desmanchem no ar. A terceirização se tornou um campo de batalha para os bancários desde 2012, quando o PL 4330 voltou a tramitar.
Ficou ainda pior em abril de 2015, quando o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) levou-o a plenário e ele foi aprovado. Agora, tramita como PLC 030, no Senado Federal. E a aposentadoria certamente vai prejudicar os mais jovens quando for aprovado um regime previdenciário que prevê aposentadoria somente aos 65 anos e mesmo até 70 anos.
Esses três movimentos na direção do retrocesso e da retirada de nossos direitos formam um conjunto sinistro, digno de vampiros que sugam o sangue dos trabalhadores. Atende pelo nome de reforma trabalhista. “A Rede Globo fica repetindo para gente que isso é modernizar as relações de trabalho. Isso não é verdade. A terceirização da atividade fim vai acabar com a nossa categoria. Vai ter empresa para gerentes, para caixas e para as outras funções do banco. Ninguém mais vai ser funcionário do banco se isso passar”, explicou Gimenis.
Governos federal e estadual & privatizações
Na SUREG do Banrisul, o presidente do SindBancários explicou a relação que há entre o governo federal, do interino Michel Temer, e a costura de um acordo, com os governos do Estado, para pagar as dívidas estaduais. Pelo pagamento ou pela rolagem da dívida, o governo interino poderá exigir contrapartida em empresas públicas. O Banrisul vem para a alça de mira das privatizações. “Este ano, no Banrisul, vamos precisar lutar muito por uma nova migração na Fundação, pelo Plano de Carreira e pressionar por mais contratações e concursos público e não para retomar o uso de estagiários em desvio de função”, enumerou Gimenis.
Ao fim da caravana na SUREG, os dirigentes sindicais já deixavam a sala onde foram feitas as falas e a apresentação do esquete do Grupo Trilho, quando começaram palmas de uma funcionária e uma frase de ordem. Ela batia uma mão contra a outra e repetia: “Fora, Temer”. Foi devidamente acompanhada pelos dirigentes. Definitivamente, os bancários não são bobos e sabem que só a luta lhes garante!
Calendário de mobilização das caravanas
Terça, 30/8: Zonal Zona Sul
Quinta, 1º/9: Caminhada dos Bancários
Quinta-feira, 1º/9 | Praça da Alfândega, entre o Banrisul e a Caixa, Centro Histórico de Porto Alegre
Concentração a partir das 16h
Sexta, 2/9: Zonal Cachoeirinha/Gravataí
Crédito fotos: Caco Argemi
Fonte: Imprensa SindBancários