Desde as primeiras horas da madrugada desta quinta-feira, 22/9, os bancários em GREVE participaram do Dia Nacional de Lutas, Protestos e Paralisações chamado pelas Centrais Sindicais. Um dos pontos de encontro para paralisar as atividades foi a Garagem da Carris, na Rua Albion, Bairro Partenon. Nesse local de encontro de manifestantes pacifistas, bancários foram recebidos pela Brigada Militar, com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Uma colega do Banrisul chegou a ser empurrada (confira o depoimento ao final desta matéria) e o fotógrafo Caco Argemi foi cercado por PMs.
A Brigada Militar utilizou o Choque para conter manifestantes. Segundo a bancária do Banrisul, Ana Berni Helebrandt, não havia necessidade de utilização de spray de pimenta e de utilização de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Ela descreveu o momento da agressão: “Neste momento, um brigadiano do Choque pegou o cassetete e me empurrou na direção de outros manifestantes, querendo me tirar dali. Foi me empurrando, muito agressivo. Falei que morava perto e que não ia sair. Daí, outro veio junto para me empurrar. Então, veio o comandante deles, com muita calma. Tirou os dois brigadianos dali e veio falar comigo”, contou ela.
A fotografia do fotógrafo Caco Argemi que ilustra esta reportagem foi feita pouco antes de ele ser cercado pelos PMs. Na imagem, a bancária Ana Berni se dirige às proximidades da Kombi do SindBancários quando foi empurrada. O SindBancários esclarece que o direito à manifestação é livre e que irá tomar as medidas cabíveis.
Depoimento da bancária Ana Berni Helebrandt, funcionária do Banrisul e delegada sindical
Cheguei por volta das 4h20 e tinha uns quatro brigadianos na frente da Carris. O Choque estava mais para uma rua de trás. Eles não estavam posicionados na frente da Carris. Cheguei junto com outros manifestantes.
A gente ainda estava achando a vida boa. Não tinha ninguém na frente da Carris. Os manifestantes começaram a chamar com um megafone para ir à frente da Carris.
Os manifestantes nem se mexeram, e os brigadianos que estavam ali simplesmente começaram a mirar o spray nos manifestantes. O pessoal não foi embora com a ameaça e aí mesmo que eles apertaram os sprays de pimenta. Foi suficiente para todo mundo chorar, saiu lágrimas dos olhos.
Ninguém tinha ameaçado os policiais do Choque e nem os brigadianos que estavam ali. Eles atuaram para que a gente não se posicionasse em frente às garagens. Porque, se agente ficasse ali, os ônibus não poderiam sair.
Nesse meio tempo, foi saindo um ônibus da garagem, e as pessoas ficaram na frente do ônibus para não deixar sair. Quando vi, todo o Choque estava ali, jogando gás, bomba, tudo.
O ônibus andou mais um pouco e, mais adiante, na esquina, um grupo de pessoas continuou na frente desse ônibus para impedir a sua saída. Então, jogaram ainda mais bombas e gás. Foi um horror.
Fui buscar vinagre porque estava horrível e eles não iam parar, porque, nesse instante, chegaram mais militantes. Quando voltei, já tinha uma barreira do Choque, e os manifestantes estavam para trás da barreira.
Eles fizeram uma barreira, de maneira que os ônibus saíam por trás da barreira e os manifestantes ficaram para o outro lado.
Quando saiu um ônibus, eu gritei para o motorista: “Que vergonha, trabalhador”. É um absurdo um trabalhador furar o movimento dos outros trabalhadores para defender todos.
Neste momento, um brigadiano do Choque pegou o cassetete e me empurrou na direção de outros manifestantes, querendo me tirar dali. Foi me empurrando, muito agressivo. Falei que morava perto e que não ia sair. Daí, outro veio junto para me empurrar. Então, veio o comandante deles, com muita calma. Tirou os dois brigadianos dali e veio falar comigo.
Pediu que eu desse licença, por favor, e fosse para o outro lado. Então, eu fui.
Logo depois disso, teve um incidente com o fotógrafo. Ele foi cercado por três PMs do Choque.
Fonte: Imprensa SindBancários
Crédito fotos: Caco Argemi