Ao apoiar campanha de retomada da vida normal, Bolsonaro aposta as vidas dos brasileiros num erro cometido pelo prefeito de Milão há um mês na Itália
Quem ainda não viu e esteja realmente preocupado com as vidas de familiares idosos e de trabalhadores, entende que a campanha que o presidente Jair Bolsonaro mandou às ruas na sexta-feira, 27/3, sabe que neste momento de contenção e isolamento do coronavírus, a campanha de normalidade e de defesa da economia é uma irresponsabilidade.
A campanha atende à pressão do mercado financeiro e de setores de comércio e da indústria. Em tom de insuflar medo, Bolsonaro coloca a economia acima da vida dos brasileiros. Para quem não sabe, o material de propaganda em verde amarelo tem como mote “O Brasil não pode parar”.
E sabe onde ele buscou inspiração? Num erro cometido em Milão na Itália há exatamente um mês.
Pois o prefeito de Milão, no Norte da Itália, teve uma atitude de grandeza. Giuseppe Sala acabou de reconhecer o errou por ter divulgado em 27 de fevereiro um vídeo de uma campanha em que dizia que a cidade “não para”.
Alguma semelhança com o Bolsonaro? Ele apoia as campanhas “O Brasil não pode parar”.
Um mês depois, Milão é a terceira cidade mais atingida pelo coronavírus em todo o mundo. São 6.922 contágios em 27 de março, segundo a Defesa Civil italiana.
Em 27 de fevereiro, a Itália contabilizava 650 casos do novo coronavírus. Agora, são mais de 86 mil casos, com mais de 9 mil mortos. Na época, o primeiro-ministro Giuseppe Conte também chegou a dizer que a vida devia “continuar”.
O prefeito de Milão reconheceu o erro e pediu desculpas. No caso do presidente do Brasil, não esperamos que isso aconteça. O mais provável é que Bolsonaro continue dizendo que a economia é tão ou mais importante do que a vida e que a COPVID-19 não passa de uma “gripezinha”.
Porque, no final das contas, ele vai dizer que não disse, que era tudo mentira da imprensa e a vida continua. Bolsonaro prefere arriscar com as vidas dos trabalhadores, com a memória curta e procurar sair por cima apostando que a crise da coronavírus será rápida.
O presidente não sabe ou finge não saber que a gente não aposta a própria vida e muito menos a vida dos outros.
“Esses números mostram que é uma irresponsabilidade apostar na normalidade da vida e pensar somente na economia. O Brasil pode virar epicentro na América do Sul, caso não tome medidas preventivas e de isolamento”, avalia o presidente do SindBancários, Everton Gimenis.
Fonte: Imprensa SindBancários, com informações Uol