Uma reunião na Sala Maurício Cardoso da Assembleia Legislativa na noite da quinta-feira, 9/3, com participação de dirigentes sindicais, banrisulenses da base do SindBancários e representantes de gabinetes de deputados estaduais, serviu para atualizar a disputa que se trava contra a venda do Banrisul e chamar a atenção para um novo passo do governo Sartori. Depois que a Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público conseguiu 24 assinaturas, a narrativa do governo Sartori mudou de novo. Se, em janeiro, o ministro Henrique Meirelles condicionou a venda do banco à participação do RS no Regime de Recuperação Fiscal (PL 343/17), agora o discurso se encaminha para levar a luta para o campo do plebiscito ou consulta popular. Por isso a mobilização dos Banrisulenses se tornou ainda mais urgente.
E não vamos pensar que depois de abandonar o navio na Assembleia Legislativa para tentar mudar o artigo 22 da Constituição Estadual que impede a venda de qualquer ativo ou mesmo a federalização do Banrisul sem plebiscito ou consulta popular ou mesmo federalizar que o perigo está afastado. Mesmo que seja muito difícil para Sartori arrumar 33 votos em dois turnos e derrubar a exigência de plebiscito, a peleia dos trabalhadores está longe de ser ganha.
É importante que os banrisulenses lembrem que há interesses econômicos muito poderosos que querem a venda do banco público dos gaúchos. Não foi por acaso que o governador José Ivo Sartori se reuniu com dirigentes internacionais do Santander em outubro de 2015 no Palácio Piratini. Colegas participantes da reunião mostraram determinação. Tanto que, ante o lembrete de que há uma nova plataforma digital de luta dos banrisulenses lançada pelo Sindicato, de combate à privatização a adesão foi imediata.
Colegas chegaram mostrar a assinatura de uma petição online no dialoga.sindbancarios.org.br. A ferramenta envia emails para todos os 55 deputados estaduais e cobra a defesa da destes de um Banrisul público. Basta digitar nome e sobrenome e fornecer endereço de email. Até a tarde desta sexta-feira, 10/3, 1.944 assinaturas já haviam sido colhidas pela ferramenta online.
Os participantes da reunião da quinta-feira, na ALRS alertam para dois fatos relacionados ao plebiscito. O primeiro diz respeito ao baixo custo do processo, calculado em cerca de R$ 23 milhões pelo DIEESE. A outra questão será enfrentar uma máquina de propaganda estadual que estará turbinada pelos interesses de banqueiros privados, empresários chineses, árabes que querem tomar conta do sistema financeiro gaúcho e do setor de energia. Chineses estão de olho nas jazidas de Carvão, na CRM e na Sulgás. Árabes fazem olho comprido para a Corsan. A conclusão da reunião é que todos esses ativos ou já têm valor definido para uma futura privatização ou a equipe do Tesouro Nacional do governo Temer, está cotando os preços das estatais como a CEEE, nesta semana em que esteve reunida com o alto secretariado de Sartori em Porto Alegre.
“Precisamos estar permanentemente atentos. Cada banrisulense é importante nessa hora. Vamos fazer chegar a cada posto de trabalho do Banrisul neste estado material de campanha em defesa do banco e que também apresenta alternativas à crise financeira do Estado. Não precisa vender nenhum empresa pública para tirar o Estado do atoleiro”, explica o diretor da Fetrafi-RS, Sérgio Hoff.
Hoff alerta para a importância de os colegas ficarem atentos para os movimentos do governo Sartori e para participarem do calendário de mobilização, uma vez que a privatização do Banrisul é uma ameaça constante. “O que está acontecendo é uma esquiva do governo Sartori em relação ao Banrisul. Está cômodo para o governo Sartori. Ele diz que não tem intenção em vender, mas também avisa que não tem outra saída. O governo tem que vir para nós e dizer: ‘Não vamos vender o banco’”, alertou Sérgio Hoff.
Frente Parlamentar
O assessor parlamentar do deputado estadual Zé Nunes (PT), Marcelo Albuquerque, salientou importância da participação dos bancários do Banrisul no Ato de Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, na quarta-feira, 22/3, às 18h, no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa. Zé Nunes é o proponente da criação da Frente, que já conta com 24 das 19 assinaturas de deputados estaduais necessárias. “Quando o ministro da fazenda diz abertamente que a ajuda financeira está ligada à venda de ativos públicos e que o Banrisul precisa ser vendido para resolver o problema fiscal, isso está em debate. Estamos falando de uma questão que está na mesa. Não podemos nos iludir. O Banrsiul está na mira mesmo. Nós temos que fazer o nosso papel para que isso não aconteça”, acrescentou Marcelo Albuquerque. Ele enfatizou a importância de os Banrisulenses “lotarem” o Auditório Dante Barone dia 22/3. Participaram também representantes dos gabinetes dos deputados estaduais Pedro Ruas (PSoL) e Juliana Brizola (PDT).
Argumentos para defender o Banrisul
O gerente geral (GG) da Agência São João de Porto Alegre e vice-presidente da Associação dos Comissionados do Banrisul de Porto Alegre e Região Metropolitana (Ascopa), Mauro Vinicius Silva, elaborou duas propostas de respostas para dois argumentos recorrentes para privatizar o Banrisul. Uma das premissas repetida por quem não vive e nem sabe da importância do Banrisul público costuma referir que banco não é atividade fim do Estado. Ora, basta dizer que o Banrisul repassa dividendos ao seu sócio, o governo do Estado, e financia agricultura indústria, comércio e serviço, o que é mesmo que dizer que ajuda o Estado do ponto de vista econômico a enfrentar crises.
A outra falácia argumentativa apontada por Mauro Vinicius beira a falta de inteligência, para não dizer pior. É recorrente ouvir que o governo do Estado paga um preço alto para manter o Banrisul público. Basta dizer que o banco manda dividendos para o Estado e que é um grande investidor, além de manter lucro líquido alto nos últimos 10 anos. Este ano, inclusive, o Banrisul passou a pagar R$ 120 milhões por ano, num acordo de 10 anos e R$ 1,27 bilhão, para continuar a gerir a folha de pagamento dos servidores públicos. “A iniciativa precisa partir de nós para sensibilizar os colegas. Federalização é o mesmo que privatização. Tem colega que não se deu conta disso ainda. Ninguém vai nos defender melhor do que nós mesmos”, explicou.
Calendário de mobilização
Agenda da nossa luta
Sábado, 18/3: Assembleia Nacional dos Banrisulenses, às 9h30, na Sede da Fetrafi-RS (Rua Fernando Machado, 802, Centro Histórico de Porto Alegre).
Domingo, 19/3: Mateada e panfleteação de material em defesa do Banrisul, às 10h, no Parque Farroupilha (Redenção), em frente ao Monumento ao Expedicionário..
Quarta-feira, 22/3: Ato de instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul no Auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa, às 18h.
Crédito fotos: Carol Ferraz
Fonte: Imprensa SindBancários