Deborah Finocchiaro, reconhecida atriz e diretora teatral gaúcha, fala do papel do grande banco estadual no incentivo às manifestações culturais e critica privatizações
Série Mira Privatista (3) – Deborah Finocchiaro – atriz e produtora
“Em 2003, tivemos a alegria e o prazer de realizar o projeto ‘Reciclar é o Canal’, dentro do importantíssimo Projeto Reciclar, desenvolvido pelo Banrisul. A estreia aconteceu na agência da Praça da Alfândega para a diretoria e em seguida apresentamos dentro de outras agências, nos próprios ambientes de trabalho dos funcionários e também da Feira do Livro de Porto Alegre de 2003.
Abaixo, mais detalhes do trabalho:
“Beleza, Limpeza e Sujeira em A Vida Em Nossas Mãos…” é um divertido espetáculo que propõe uma recapitulação e constatação da importância do Projeto Reciclar.
Diário de bordo
Os personagens, companheiros de estrada e filosofia, abrem seu diário de bordo revelando as conquistas e desafios encontrados nesta jornada em busca de uma forma de preservação da vida, uma forma, diríamos… Reciclável de levar a vida. Mas em sua trajetória a trupe enfrenta o temperamento nada ecológico de SUJEIRA (boneco), o Terror da Reciclagem, ícone da destruição que tudo fará para impedir o sucesso dessa expedição, até que…
A performance de atores e bonecos, com quinze minutos de duração, tem como fio condutor, a experiência do programa Reciclar: a vida em nossas mãos, transposta para a cena através da fantasia e do jogo.
A trilha sonora de caráter incidental, executada ao vivo pelos atores e pelo músico Edinho Espínola, é outro forte elemento que contribui para recriar o universo discutido: o perigo iminente da escassez de recursos naturais e preservação do planeta, de forma criativa onde o público é estimulado a rever seus hábitos e não cobrado a tomar atitudes.
FICHA TÉCNICA
Roteiro, concepção, música, atuação e manipulação dos bonecos: DEBORAH FINOCCHIARO & ANIMA SONHO (TIARAJÚ CARLOS GOMES e UBIRATAN CARLOS GOMES) / Direção: DEBORAH FINOCCHIARO/ Bonecos, cenário e adereços: ANIMA SONHO/Figurino: LÍGIA RIGO/
Trilha Sonora: EDINHO ESPÍNDOLA/ Produção: SANDRA ALENCAR. Foto: Vinícius Reis/2003 (Arquivo D. Finocchiaro).
Sucateamento dos bens públicos
A entrega de bens e órgãos públicos a iniciativa privada, na visão da artista, configura “o fim da picada – é mais um reflexo assustador desses governos neoliberais, com fachadas diversas, conforme seus interesses, e plenos de fichas vendidas em todas as mangas”. Conforme a diretora e atriz, os privatistas
muitas vezes conseguem “engambelar” boa parte do povo, que passa a acreditar que é melhor para todos as tais privatizações… uma tristeza.
“Peguemos como exemplo o atual prefeito eleito da cidade de Porto Alegre que fez toda a sua campanha afirmando – em alto e em bom tom – que é totalmente a favor da privatização!”, lembra Deborah.
Processo macabro
“Nesse processo macabro, a dita ‘democracia’ é apenas mais uma das fachadas adotadas, pois há um desprezo absoluto das opiniões de vários setores contrários às privatizações, como por exemplo a vergonhosa “entrega de bandeja” (100 mil reais!!!) da CEEE em março desse ano pelo consórcio nordestino Equatorial Energia. As justificativas desse governo Leite descarado são as mais bizarras, entre elas as dívidas da lamentavelmente antiga Estatal.
“Outra empresa importantíssima do transporte público de Porto Alegre, a Carris, com seus 150 anos de história, está fortemente ameaçada de privatização e os próximos dias serão decisivos para o seu futuro, considerando seus dois mil funcionários e para a população da cidade de Porto Alegre”, conclui Deborah Finocchiaro.
