Em nova etapa de negociação com dirigentes do SindBancários e Fetrafi-RS, o banco informou que está encaminhando licitação de equipamentos e elaborando regras internas para o trabalho remoto
Em mais uma etapa da negociação sobre o teletrabalho no Banrisul, na tarde de quinta-feira (19), na sede do Banritech, dirigentes do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul – Fetrafi-RS cobraram de representantes do banco definições acerca da implementação do teletrabalho, cujo acordo entra em vigor a partir da próxima segunda-feira (23). O superintendente de RH, Gaspar Saikoski, afirmou que o Banrisul já está em condições para dar início à implementação gradual do teletrabalho na próxima semana.
O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, reiterou a importância de definir e elucidar o cronograma para aplicação do ACT do Teletrabalho no Banrisul, pois a categoria precisa se enxergar nesse processo: “Estamos solicitando calendários de implementação, de definição de normativos, prazos para a compra dos equipamentos, enfim, queremos que o banco sinalize datas e regulamentos para os funcionários. Os trabalhadores têm a demanda legítima de saber se vão ou não poder realizar o teletrabalho, para organizar suas vidas e suas carreiras”.
Fruto da primeira reunião, o sindicato enviou uma proposta de redação para resolver o impasse do teletrabalho integral, assim como já consta em acordos específicos de outras instituições. É uma espécie de “comum acordo triplo”, em que nesses casos excepcionais, haja concordância entre empregado, empregador e sindicato. Conforme o negociador do Banrisul, Marco Aurélio Oliveira, o banco está analisando e dará retorno até a próxima rodada de negociação.
Grupos de trabalho
Os representantes do banco informaram que existem atualmente três grupos de trabalho para instituir o regramento do trabalho remoto, um que está cuidando dos normativos, outro da logística e um responsável pela área de tecnologia. De acordo com Marco Aurélio, o banco se compromete a definir prazos para os grupos e apontar as áreas que poderão ser consideradas para o teletrabalho — informação crucial para os trabalhadores, conforme apontou Fabio Soares Alves, diretor da Fetrafi-RS.
“Já manifestamos nossos anseios, já entregamos o abaixo-assinado dos funcionários, o banco já foi cobrado, agora precisamos avançar. A categoria precisa saber como vai funcionar o teletrabalho, com regimento interno claro e isonomia. É fundamental que o banco divulgue um calendário para seus empregados”, reforçou o dirigente.
Equipamentos
Uma das preocupações centrais do teletrabalho é relativa aos equipamentos necessários para que o trabalhador possa realizar o trabalho de casa. Gaspar Saikoski garantiu que estão evoluindo em relação aos equipamentos: parte deles já está com os trabalhadores e outra parte está em licitação. “Tudo isso faz parte da construção, porque teletrabalho agrega outras necessidades e exige um pouco mais de tempo. Dia 23 de maio temos condições de concretizar o acordo de teletrabalho de uma forma que vá melhorando a médio prazo”, afirmou o superintendente.
Urgência de concurso público e outros gargalos
A diretora da Fetrafi-RS Ana Maria Betim Furquim citou a importância da negociação e levantou alguns pontos que necessitam de atenção. “É louvável esse diálogo que estamos tendo aqui hoje para a construção do teletrabalho, mas é preciso lembrar que os banrisulenses estão pleiteando um concurso público para preenchimento de vagas, já que faltam colegas e há sobrecarga de trabalho em alguns setores. Tudo isso se relaciona com o funcionamento do teletrabalho daqui para a frente”, observou.
A diretora da Fetrafi-RS Denise Falkenberg Corrêa, citou o exemplo de funcionários PCDs e as especificidades que precisam ser levadas em conta. “Sabemos que no centro de Porto Alegre, para citar uma situação provável de acontecer, haverá revitalização em breve, o que certamente trará a questão do acesso, que será dificultado para pessoas que têm algum tipo de limitação no deslocamento. Como serão resolvidas essas situações?”, questionou ela.
Denise fez também referência a problemas que ainda persistem em relação à pandemia de COVID-19, que ainda não acabou: “Infelizmente ainda temos casos de colegas com comorbidades, de alto risco, que mesmo apresentando laudos médicos que impedem o contato com outras pessoas, seguem sendo orientados a retornarem para o presencial. Esses colegas precisam permanecer em teletrabalho, sem discussão”, criticou a dirigente. O superintendente do banco disse que estão monitorando os casos de Covid-19 no Banrisul e cumprindo os protocolos e que estão abertos a analisarem casos excepcionais através do comitê de crise, que segue operacional.
Ao final do debate, Luciano, presidente do SindBancários, lembrou que, em paralelo a essa discussão, “segue pendente avançarmos sobre a questão dos operadores de negócios, outra demanda represada, que precisa de solução urgente”.
Próximos passos
Ficou agendada para sexta-feira, dia 21, continuidade da reunião, na qual esperamos que haja um desfecho positivo para a implementação do teletrabalho.
Participaram ainda do encontro: os diretores da Fetrafi-RS Luiz Carlos dos Santos Barbosa e Raquel Gil de Oliveira, o assessor jurídico da Fetrafi-RS, Milton Fagundes, e o assessor Jurídico do SindBancários, João Rosito.
Texto: Amanda Zulke