Banrisul 95 anos: infelizmente, sem cabeça nem clima para festa

Ato em alusão ao aniversário do banco destacou campanhas de solidariedade e pela saúde da categoria

Em alusão aos 95 anos do Banrisul, o SindBancários promoveu um ato, nessa terça-feira, em frente à agência central, na praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre. Entretanto, diferente dos anos anteriores, o evento de aniversário do banco público não teve caráter festivo, mas de solidariedade às vítimas das enchentes no estado e de denúncia sobre o adoecimento provocado pela pressão por metas nos bancos. 

A atividade foi prestigiada pelo presidente do Banrisul, Fernando Lemos, e pelo superintendente de RH do banco, Gaspar Saikoski, bem como pelo superintendente regional do Trabalho, Claudir Nespolo, e pelo deputado estadual Miguel Rossetto. Também estiveram presentes dirigentes da CUT-RS, da Fetrafi-RS e do SindBancários. Os presentes realizaram falas contundentes sobre a importância da luta em defesa da manutenção do Banrisul público e dos direitos dos bancários e bancárias, bem como sobre as campanhas de solidariedade e em defesa da saúde da categoria.

95 anos do banco dos gaúchos e gaúchas

Nem a forte chuva que caía na Capital foi suficiente para impedir a mobilização, que teve saldo positivo ao reafirmar a posição do Banrisul como patrimônio público gaúcho, fundamental para o desenvolvimento do estado. O presidente do Banrisul surpreendeu os presentes ao se unir ao ato e fazer uma breve fala sobre a importância do banco como uma grande empresa, capaz de interagir com toda a sociedade. “O Banrisul é uma das maiores empresas do RS, entre públicas e privadas, mas é também uma empresa que pertence a cada um dos gaúchos”, afirmou.

Ele projetou a comemoração de uma década do banco público. “O Banrisul caminha para os seus 100 anos e eu espero estar na festa dos 100 anos, não sei se como presidente ou não, e preciso que vocês continuem esta luta pelo desenvolvimento do Rio Grande, pela proteção das nossas coisas, da nossa cultura, da nossa gente. Esse é o Banrisul que vocês ajudaram a construir e esse é o Banrisul que nós conhecemos”, defendeu.

O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, salientou a razão principal para comemoração do aniversário do banco, que é o agente de fomento mais importante do estado. “O motivo de estarmos aqui todo dia 12 de setembro não é fazer festa, não é aplaudir o aniversário do banco em si, mas sim comemorarmos mais um ano de resistência do Banrisul público. Porque passa ano, passa outro ano, e uma coisa é certa: alguns políticos e forças da nossa sociedade vão estar em algum lugar tentando tramar a privatização do nosso banco”, enfatizou.

Para o deputado Rossetto, é fundamental a defesa do Banrisul como uma instituição forte, presente nas diversas regiões, investindo na economia gaúcha e fomentando emprego para a população. “A continuidade do Banrisul como um banco público, estatal, comprometido com o desenvolvimento do estado, e que respeite aqueles que trabalham na instituição é um compromisso nosso”, destacou.

Solidariedade às vítimas das enchentes

Diante das enchentes que afetaram milhares de gaúchos em todo estado e já tiraram a vida de mais de 40 pessoas, não havia clima para festa, com bolo e os tradicionais balões voando pelo céu na Praça da Alfândega, como de costume o Sindicato promove no aniversário do Banrisul. Ao invés disso, no local foram colocadas caixas para recolhimento de doações a serem encaminhadas para os atingidos pelas enchentes e o valor que seria usado para preparação do evento festivo foram doados para a campanha de solidariedade. 

O trabalho que está sendo realizado pelo Banrisul no Vale do Taquari em apoio às vítimas das intempéries foi relatado pelo presidente do banco. “Estamos trabalhando com todas as nossas equipes, fazendo empréstimos diferenciados, atendendo a todos, para comemorar os 95 anos do banco protegendo a nossa sociedade, mas também para demonstrar o quanto é importante ter uma instituição como a nossa”, contou. 

Para a diretora da Fetrafi-RS, Cristiana Garbinatto, o Banrisul tem papel importante no desenvolvimento sustentável do estado. “Tivemos situações de calamidade gravíssimas e precisamos ter um banco forte, que se engaje na reconstrução dos locais atingidos. O Banrisul também precisa se comprometer com projetos socioambientais, pois não aguentamos mais ter projetos de desenvolvimento com devastação ambiental. Isso volta para a população em situações como essa de enchentes, portanto precisamos ter um cuidado excessivo para não causar problemas futuros”, pontuou.

O presidente do Sindicato reforçou a necessidade da solidariedade em função dos estragos causados pelas fortes chuvas no RS, que têm se tornado cada vez mais frequentes, e que o governo não consegue enfrentar as situações como deveria. “Precisamos nos olhar como sociedade, como irmãos no nosso estado e nos ajudarmos quando necessário. Por isso, convidamos todos a se somarem na campanha de solidariedade, seja do Sindicato ou de outras instituições”, disse.

O SindBancários lançou uma campanha de solidariedade na última semana para arrecadação de doações de itens e também em dinheiro, via pix. A entidade se compromete a dobrar o valor das transferências realizadas pela categoria. Saiba mais na matéria sobre a campanha. 

Luta por menos metas e mais saúde

O ato dessa terça também marcou o dia nacional de luta “A Vida Acima do Lucro”, ação dentro da campanha permanente da Contraf-CUT intitulada “Menos Metas, Mais Saúde”. A intenção é alertar para a importância da saúde mental e física dos trabalhadores, especialmente dos que atuam em um setor desafiador e sob constante pressão, como o financeiro.

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia, comentou sobre a necessidade de debater sobre as mazelas da categoria bancária. “Não podemos deixar de, neste momento importante, falar sobre nosso adoecimento. O adoecimento psíquico dentro das agências é uma realidade e devemos combater isso e melhorar nossas relações, para que todos e todas possam trabalhar com vontade e alegria. O que queremos é um trabalho digno, decente, que não nos adoeça”, defendeu.

A realidade da cobrança por metas, que antes se restringia aos bancos privados, nos últimos anos chegou aos bancos públicos, como alertou o vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis. “Quando os trabalhadores atingem as metas, o banco dobra, fazendo com que os bancários trabalhem sob constante pressão. Por isso esta campanha é importante, para discutirmos com a sociedade o que os banqueiros, que tanto lucram neste país, fazem com seus trabalhadores”, disse. Ele reforçou que as entidades representativas da categoria vêm dialogando com os bancos para buscar relações mais humanizadas nos locais de trabalho.

A exigência dos bancos por produtividade é o que gera cada vez mais sobrecarga da categoria, explicou o diretor da Fetrafi-RS, Fabio Alves. “Estamos aqui para comemorar e também para lutar contra as metas abusivas, que tanto adoecem os trabalhadores. Esperamos que os bancos melhorem as condições de trabalho para os bancários e bancárias”, destacou.

Para o presidente do SindBancários, é dever do movimento sindical discutir o tema e lutar em defesa da saúde e da vida dos trabalhadores, que está a cada dia mais agredida e ameaçada pelo processo constante de pressão das instituições financeiras. “Não é de graça que nós temos um dos maiores índices de suicídio e de uso de medicamentos controlados entre as categorias profissionais, bem como de afastamentos no INSS. Isso é consequência do assédio e da pressão por metas abusivas”, afirmou.

No espírito do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, a campanha “Menos Metas, Mais Saúde” chama atenção para as metas abusivas impostas pelos bancos aos bancários e bancárias, além dos casos de assédio, gerando adoecimentos e afastamentos. Em Porto Alegre, os dirigentes do Sindicato e da Fetrafi-RS percorreram os bancos da região Central, nessa terça, para entregar um informativo da campanha. O material pode ser acessado neste link.

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