Bancários fazem um minuto de silêncio pela morte de colega do BB durante ato em ano de escalada de cordões humanos e violência bancária

Ainda faltam 24 dias para 2018 terminar e o número de ocorrências de cordões humanos – aquelas ações em que quadrilhas especializadas sitiam cidades para assaltar agências bancárias – já é maior do que os casos ocorridos em todo o ano passado. Até o início da tarde da sexta-feira, 7/12, houve 22 ataques com uso de moradores da cidade como escudos humanos em todo o Rio Grande do Sul. No ano passado, até 31 de dezembro, houve um a amenos (21). Quer dizer, segundo levantamento do SindBancários, de 2017 para 2018, o crescimento de ações de criminosos com uso de cordões humanos cresceu 4,8%.

Se levarmos em consideração o número de agências envolvidas nestas ações do ano passado para cá, temos motivos para mais preocupações. Em 2017, os ataques com cordões humanos envolveram 34 agências em ações de criminosos em todo o ano. Este ano, até agora, foram 40 agências envolvidas, crescimento de 17,6%. Isso indica que os bancários ficaram ainda mais expostos à violência de quadrilhas especializadas e muito bem armadas.

Antes de analisarmos os dados gerais dos ataques a bancos de um ano para outro, é preciso esclarecer a metodologia de coleta de dados do SindBancários. Chegamos a esses números a partir da análise dos registos que fizemos desde 2006 (leia ao final desta matéria a lista completa). Quem se dedicar a procurar as ocorrências desse modus operandi vai ver que registramos de três formas diferentes nos últimos dois anos: como Novo Cangaço, escudo humano e cordão humano.

O que importa é que esses casos têm uma constante. Mais de um refém, em geral, pode haver 10 ou mais que são usados para impedir que a polícia militar reaja a balas à ação criminosa. Mesmo com escudos humanos, a Brigada Militar estreou nova forma de enfrentar esse tipo de crime. Na segunda-feira, 3/12, o bancário do Banco do Brasil, Rodrigo Mocelin da Silva, foi morto depois de seu usado como refém pelos criminosos durante a fuga, em Ibiraiaras.

Além de criticar o efeito de uma política de contingenciamento de investimentos em segurança pública nos quatro anos de governo de José Ivo Sartori (MDB-RS), o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, questiona o modus operandi da Polícia Militar. O presidente deixa claro que não quer tolher o serviço de inteligência nem questionar a abordagem feita pela Polícia Militar gaúcha quando interceptou a quadrilha que atacou as agências do Banco do Brasil e do Banrisul em Ibiraiaras , o que resultou na morte de seis assaltantes e na prisão de outros três integrantes da quadrilha.

Gimenis chama a atenção para uma orientação política da Brigada Militar que segue a linha de orientação do presidente eleito Jair Bolsonaro. Quer dizer, chegar atirando sem se preocupar com efeitos colaterais. Na tarde desta sexta-feira, 7/12, em Milagres, no Interior do Ceará, a Polícia Militar daquele Estado matou sete pessoas de uma mesma família ao confundi-los com assaltantes de bancos em fuga. “Não estamos dizendo que os policiais militares que atenderam à ocorrência em Ibiraiaras cometeram erros ao abordar assaltantes. Não é isso. Afinal de contas, estamos falando de agentes que têm armamento precário em relação aos criminosos. E pior: com os cortes do governo chegaram a trabalhar em viaturas sem combustíveis. É preciso um grande debate sobre essas abordagens. Porque a vida de um bancário, de um cidadão que passar perto de um tiroteio, é uma tragédia. Não pode ser considerada um efeito colateral”, explica Gimenis.

Inteligência policial e cinco ataques em Ibiraiaras

O presidente do Sindicato reitera a importância de as agências de segurança pública trabalharem com inteligência, com informação para prevenir os ataques a bancos. Isso porque este ano houve um crescimento preocupante no volume de ataques a bancos (incluindo furtos e assaltos), segundo o levantamento do SindBancários. De 1º de janeiro a 7 de dezembro deste ano, ocorreram 143 ataques a bancos em todo o Estado. No mesmo período do ano passado, houve 103, um aumento de 38,8% de um ano para a outro.

Desde 2007, as agências do Banco do Brasil e do Banrisul de Ibiraiaras foram alvo de cinco ataques a bancos (veja mais abaixo as datas). Quatro desses ataques foram realizados por quadrilhas que mantiveram reféns. Em 2 de maio deste ano, foi o que aconteceu: ataque com cordão humano. Quer dizer, há uma regularidade com a qual as polícias poderiam lidar para trabalhar com prevenção.

Para o presidente do SindBancários, é preciso maior investimento em policiamento e investigação para que se evite confrontos armados em que trabalhadores sejam vítimas de balas perdidas. “Perdemos um colega e sabemos o efeito que a perda de uma pessoa que é gerente de uma agência bancária tem sobre a sua família. Esse trabalhador não pode ser tratado como efeito colateral de uma luta contra bandidos. No Ato em defesa dos bancos Públicos que fizemos na quinta-feira (6/12) aqui em Porto Alegre um minuto de silêncio em solidariedade a família de nosso colega morto. Se essa política de enfrentamento for levada às suas últimas consequências, vai haver uma guerra em que os bancários são a parte mais frágil”, avalia Gimenis.

Ataques a agências de Ibiraiaras

Dezembro de 2018

Dia 03: Banco do Brasil e Banrisul (Ibiraiaras). Criminosos assaltam bancos no início da tarde, fazem cordão humano e trocam tiros com a polícia. Bancário é morto a tiro durante ação da Brigada.

Maio de 2018

Dia 02: Banco do Brasil e Banrisul (Ibiraiaras): Quadrilha armada usa cordão humano para atacar duas agências bancárias e uma lotérica. Modus operandi: Novo Cangaço.

Dezembro de 2015

Dia 8: Banco do Brasil e Banrisul (Ibiraiaras). Quadrilha ataca agência e mantém morador refém.

Julho de 2009

Dia 15: Banco do Brasil e Banrisul (Ibiraiaras): assalto com refém

Fevereiro de 2007

Dia 21: Banrisul (Ibiraiaras): assalto

Ataques a bancos cordão humano 2018

Dezembro 2018

Dia 03: Banco do Brasil e Banrisul (Ibiraiaras). Criminosos assaltam bancos no início da tarde, fazem cordão humano e trocam tiros com a polícia. Bancário é morto a tiro durante ação da Brigada.

Novembro de 2018

Dia 07: Banrisul (Cambará do Sul). Quadrilha ataca agência, faz cordão humano e foge com dinheiro.

Dia 08: Banrisul e Sicredi (Coronel Pilar). Quadrilha faz cordão humano, leva refém do Banrisul, ateia fogo em carro durante a fuga e foge com dinheiro.

Outubro 2018

Dia 03: Banrisul (Miraguaí). Por volta das 2h45 da madrugada, cinco homens entraram e destruíram com explosivos caixas da agência bancária na cidade do Noroeste do estado. Fizeram reféns, depois soltos, e fugiram. Não se sabe se levaram dinheiro.

Dia 03: Banrisul e Sicredi (Mariana Pimental): Criminosos fazem cordão humano, invadem agências e fogem, incendiando veículos.

Dia 05: Banrisul (Santana da Boa Vista). Criminosos atacaram agência e fizeram cordão humano com reféns para levar dinheiro e fugirem.

Setembro 2018

Dia 28: Banrisul, Sicredi (Paim Filho). Criminosos assaltam duas agências, fazem cordão humano e levam vigilante como refém.

Agosto 2018

Dia 30: Banrisul e Sicredi (Entre Rios do Sul ): Assaltantes fortemente armados dominaram vigias das agências de fizeram cordão humano.

Julho 2018

Dia 05: Banco do Brasil e Banrisul (Jaquirana). Quadrilha ataca duas agências bancárias e uma lotérica e usa cordão humano para fugir com dinheiro. Novo Cangaço.

Dia 06: Banrisul e Sicredi (Santo Expedito do Sul): Quadrilha armada sitia cidade ao atacar duas agências bancárias à tarde usando cordão humano. Novo Cangaço.

Dia 28: Terminal (Farroupilha). Quadrilha com 10 homens armados explodem caixa eletrônico em posto de combustível após fazer cordão humano.

Junho 2018

Dia 06: Banrisul e Sicredi (Santo Expedito do Sul): Quadrilha armada sitia cidade ao atacar duas agências bancárias à tarde usando cordão humano. Novo Cangaço.

Maio 2018

Dia 01: Banrisul e Sicredi (Colinas): Quadrilha armada sitia cidade ao atacar duas agências bancárias de madrugada. Modus operandi: Novo Cangaço.

Dia 02: Banco do Brasil e Banrisul (Ibiraiaras): Quadrilha armada usa cordão humano para atacar duas agências bancárias e uma lotérica. Modus operandi: Novo Cangaço.

Dia 03: Banrisul e Banco do Brasil (Itacurubi). Quadrilha ataca duas agências bancárias, tenta arrombar agência dos Correios. Novo Cangaço.

Dia 07: Banrisul (São Valentim do Sul). Grupo de criminosos fortemente armado usando vítimas como cordão humano em frente à agência à tarde.

Dia 11: Banrisul e Banco do Brasil (Formigueiro). Quadrilha faz reféns na rua com cordão humano, ataca duas agências e explode caixas eletrônicos na madrugada. Novo Cangaço.

Dia 12: Banrisul e Sicredi (Picada Café): Quadrilha armada de fuzis e vestindo toucas-ninja invadiu duas agências e explodiu caixas eletrônicos.

Março 2018

Dia 02: Banco do Brasil (Três Palmeiras). Assalto com criminosos formando cordão humano e incendiando carros para a fuga.

Dia 03: Banco do Brasil (Taquari). Criminosos explodiram agência do Banco do Brasil, fizeram escudo humano com moradores e fugiram com reféns.

Dia 06: Banco do Brasil (Santa Clara do Sul). Criminosos sequestram ônibus com trabalhadores para servir de escudo humano e explodem caixas eletrônicos para fugir com dinheiro.

Fevereiro 2018

Dia 01: Banco do Brasil, Banrisul e Sicredi (Mata). Bando atacou com explosivos o Banco do Brasil e o Banrisul, e levou uma quantia em dinheiro não especificada. A agência do Sicredi também teve o vidro quebrado, mas os criminosos não levaram nada. Fuga, miguelitos na pista e escapada. Novo Cangaço.

Janeiro 2018

Dia 06: BB, Banrisul e Caixa (Butiá). Dez homens encapuzados pararam Centro da cidade. 2 pessoas feridas a bala. Explosões nos três bancos – Novo Cangaço.

Ataques a bancos cordão humano 2017

Dezembro 2017

Dia 08: Banco do Brasil e Caixa (Arvorezinha). À tarde, oito homens com fuzis e escopetas invadiram duas agências bancárias próximas no centro da cidade. Na fuga, fizeram reféns. Tiroteio com a polícia. Mataram um refém (primeira vítima morta em um ataque deste tipo). Novo Cangaço.

Dia 09: Caixa (Encruzilhada do Sul). Quatro criminosos armados fizeram reféns e cordão humano, e arrombaram 2 terminais da agência, na mdrugada. Fugiram com o dinheiro. Só um PM na cidade.

Novembro 2017

Dia 02: Banrisul (Cerro Grande do Sul). Novo Cangaço. Ladrões explodiram agência, levaram dinheiro dos malotes e dispararam contra posto da Brigada Militar.

Dia 03: Caixa (Taquari). Madrugada. Quatro criminosos armados de fuzil atacaram agência na madrugada. Cordão humano. Explodiram caixas. Reféns. Fuga.

Dia 22: Sicredi (Santana da Boa Vista). Novo Cangaço. Cinco ladrões invadiram agência com armas na mão. Gerente e funcionário feito reféns. Roubaram e fugiram.

Setembro 2017

Dia 07: Banco do Brasil (Espumoso). Dois caixas explodidos e cordão humano. Vários criminosos. Fuga em direção a Soledade. Reféns soltos. Novo Cangaço.

Agosto 2017

Dia 07: Banco do Brasil e Banrisul (Fontoura Xavier). Ação nos dois bancos configurou “Novo Cangaço” e aconteceu à tarde na cidade do norte do RS. Muitos homens armados, reféns (depois libertados) e tiros.

Dia 11: BB e Banrisul (V. Nova do Sul). Criminosos atacaram agências vizinhas do Banco do Brasil e Banrisul em V. Nova do Sul, em São Gabriel, durante a madrugada. Abriram caixas eletrônicos.

Dia 19: Sicredi (Bom Retiro do Sul). Cinco homens armados. Disparos para o ar. Cx. eletrônicos arrombados. Novo Cangaço. Agência do Santander foi arrombada na Av. Carlos Gomes, em Porto Alegre, na madrugada. Dois caixas explodidos.

Junho 2017

Dia 16: BB, Sicredi e Banrisul (Encruzilhada do Sul). Novo Cangaço: 15 homens bem armados, em três carros, param cidade na madrugada, fazem cordão humano e explodem caixas de três bancos na Av. Rio Branco. Fogem levando 2 reféns, depois soltos. BM não consegue reagir.

Abril 2017

Dia 3: Banrisul (Mampituba). Mais de dez assaltantes arrombam cofre com explosivos, trocam tiros com BM, jogam miguelitos na pista e fogem. Novo Cangaço.

Dia 8: Banco Brasil (Pouso Novo). Criminosos usam cordão humano para explodir agência em mais um caso de “novo cangaço”.

Dia 21: Banco do Brasil (Boqueirão do Leão). Arrombamento de caixa eletrônico com explosivos e reféns. Caso de “Novo Cangaço”.

Março 2017

Dia 8: Banrisul e BB (Fontoura Xavier). Criminosos armados e treinados usam cordão humano como refém ao atacarem duas agências. Mais um caso de Novo Cangaço.

Fevereiro 2017

Dia 1: Banco do Brasil, Banrisul e Cooperativa (Maximiliano de Almeida). Quadrilha sitia cidade para assaltar 3 bancos. Novo Cangaço.

Dia 6: Sicredi e Banrisul (Miraguaí). Novo Cangaço. Oito assaltantes. Explosão duas agências de tarde, tiros, escudo humano, PM refém (depois libertado) e viatura da BM incendiada.

Dia 25: Banco do Brasil e Banrisul (Progresso). Roubo em caixas eletrônicos com reféns de madrugada. Novo Cangaço.

Janeiro 2017

Dia 9: Banrisul e Sicredi (Putinga). Ataque a tarde, 15 criminosos com fuzis. Reféns, pânico na cidade. Fuga. Novo Cangaço

Dia 17: BB e Banrisul (Parobé). Grupo armado. Madrugada. Uso de explosivos, tiros contra a BM. Roubo e fuga. Novo Cangaço

Dia 23: Caixa (N. Hartz). Três caixas explodidos. 16 assaltantes. Troca de tiros. Terror no centro da cidade. Novo Cangaço.

Dia 27: Banrisul (Redentora). Quadrilha com fuzis, escudos humanos. Terror. Fuga com malotes de dinheiro. Novo Cangaço.

Veja abaixo dados do levantamento do SindBancários desde 2006

https://www3.sindbancarios.org.br/wp-content/uploads/2018/12/07122018.pdf

Fonte: Imprensa SindBancários

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