Cerca de 50 mulheres gaúchas, representando as bancárias, agricultoras, operárias, movimentos sociais, trabalhadoras da alimentação, aposentadas e de outros setores participaram da 5ª Marcha das Margaridas, realizada em Brasília no último dia 12. O evento reuniu 70 mil trabalhadoras, que lembraram o assassinato da líder sindical paraibana Margarida Alves, em 1983, por ordem de proprietários de terras e engenhos, que exploravam a mão de obra de homens, mulheres e crianças. A bancária Ísis Marques, diretora da Fetrafi-RS e secretária estadual de Mulheres da CUT-RS, liderou a delegação do Rio Grande do Sul na marcha, juntamente com o diretor do SindBancários e da Contraf-CUT, Mauro Salles.
Meio rural
“Nossa luta é pelo combate à pobreza, a violência contra as mulheres e meninas, a soberania alimentar e nutricional”, destacou Ísis. A líder gaúcha afirmou que a iniciativa, que acontece de quatro em quatro anos, passa por cima de divergências políticas e reúne mulheres de vários segmentos sociais e organizações. “Em princípio a marcha reúne trabalhadoras do campo, da floresta e das águas, mas nós como trabalhadoras urbanas entendemos todo o valor da soberania alimentar e nutricional, representadas pelas companheiras do meio rural”, disse.
Machismo e opressão
Além disso, garante Ísis Marques, “a Marcha significa que não admitimos opressão sobre mulheres e crianças, que é fruto do machismo e hoje, também, do fascismo que mostra a cara na sociedade brasileira, pregando as maiores perversidades”. Ela cita como exemplo a mutilação de uma jovem gaúcha que teve as duas mãos decepadas pelo ex-namorado, episódio ocorrido neste mês de agosto. “Nossas leis estão ultrapassadas, e precisamos de uma reforma política e no Judiciário”, defende a sindicalista.
Presidenta Dilma
A Marcha, que saiu do Estádio Mané Garrincha e terminou em frente ao Congresso Nacional, após três horas de caminhada, foi recepcionada pela presidenta Dilma Rousseff. “A presidenta nos garantiu que as medidas de controle fiscal não irão causar qualquer retrocesso na luta das mulheres, através da Secretaria Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres”, relatou a dirigente gaúcha.
Desmonte no RS
Ísis relata a difícil situação no estado, pois o governo de José Ivo Sartori terminou com a Secretaria de Políticas para a Mulher (SPM). “Com isso, ele desmantelou toda a estrutura de apoio e atendimento específico, como o ônibus adaptado que atendia as melhores nos setores mais distantes do estado, as salas adaptadas ao atendimento e o Observatório contra a Violência de Gênero”, afirma ela. “Isto está dificultando que o Rio Grande também ganhe a Casa da Mulher Brasileira, um centro de recepção e atendimento que já existe em muitos estados brasileiros”, completa.