Preste muita atenção no roteiro, porque nas linhas seguintes, ele será completado com as manifestações de dirigentes sindicais e funcionários do Badesul, no Ato de Solidariedade aos colegas do banco na sexta-feira, 30/9, em frente à sede do banco no Centro de Porto Alegre. Primeiro, uma reportagem em um grande jornal gaúcho diz em manchete que o Badesul está sendo descredenciado do BNDES por causa de operações financeiras com problemas.
Mais adiante, a carga midiática é retomada com sugestões de que o banco deve ser incorporado pelo Banrisul, pelo BRDE ou mesmo ser extinto ou vendido. A terceira parte do capítulo da novela apresenta uma reviravolta. O Badesul volta a dispor de linha de crédito para seus financiamentos e está credenciado de novo ao BNDES. O quarto capítulo é uma omissão que uma caminhada forte dos bancários em seu 25º dia de GREVE. Os bancários foram até o Palácio Piratini com uma pergunta simples ao governo capitaneado por José Ivo Sartori. Por que, diante das graves acusações que ferem a imagem e podem prejudicar os negócios do banco, nem o Palácio Piratini, nem a diretoria do Badesul emitiram sequer uma nota em defesa do banco e dos colegas que trabalham na instituição?
As palavras do presidente do SindBancários, Everton Gimenis, em frente à sede do Badesul são de desconfiança, afinal trata-se de uma trama que atende aos interesses privatistas tanto do governo do Estado quanto do governo federal. “Estranhamos muito os ataques que o Badesul sofreu nestes últimos dias. Os funcionários do banco estão sofrendo muito porque a imagem do Badesul foi atacada sem que o Governo do Estado sequer saísse em defesa do banco. Parece que foi algo combinado, que o governo do Estado queria isso mesmo. Parece que queria deixar assim para que o Badesul fosse privatizado”, prosseguiu Gimenis.
O diretor do SindBancários, Paulo Stekel, propôs uma comparação. Se duas ou três operações que estão sob investigação. Mas elas não são resultado de incompetência alguma, mas da crise financeira que só não afeta os bancos e seus lucros estratosféricos. “O que está colocado com relação ao descredenciamento do Badesul nada mais é do que dizer que as empresas estatais têm que ser vendidas. Se houver operação com problema, quem tem que fiscalizar é o Banco Central. Bradesco, Itaú, Santander têm interesse nos bancos públicos e têm operações financeiras com problemas. Eles querem o FGTS da Caixa e não têm interesse de manter linhas de crédito. Por isso o Badesul é um banco fundamental para o desenvolvimento do Estado”, disse Paulo Stekel.
O secretário-geral do SindBancários, Luciano Fetzner, saudou a participação de bancários de outros bancos públicos no ato e na caminhada em defesa do Badesul e alertou para o fato de que a GREVE dos bancários este ano tem um compromisso com o futuro do patrimônio público. “Antes da nossa GREVE começar, dialogamos com a população e com a categoria bancária que este ano a nossa luta não seria somente sobre salários. A nossa renda é muito importante, mas a defesa dos bancos públicos também. O que estamos vendo agora é que o Badesul vem como o primeiro da fila de uma série de privatizações”, detalhou Luciano.
A diretora de Comunicação do SindBancários, Ana Guimaraens, propôs uma leitura que inclui a publicação de matéria sobre uma suposta crise do Badesul na capa de um dos maiores jornais do Estado. “Uma empresa pública como o Badesul ser capa em um jornal como a Zero Hora é uma questão política. Se o Badesul teve problemas, os outros também tiveram. Por que só o Badesul está na capa? Por que operações com problemas do Itaú, do Bradesco, do Santander não vão para a capa do jornal? O Badesul e as empresas públicas só vão para a capa do jornal para terem suas imagens atacadas. Os funcionários não têm culpa. Não têm nada a ver com isso”, salientou Ana.
Funcionária do Badesul e ex-presidenta do SindBancarios, Anna Miragem, apontou direitos que estão sumindo com os ataques à educação. O fim da obrigatoriedade de disciplinas no ensino público são cortes no orçamento público que estão intimamente ligados aos ataques que o Badesul está sofrendo. “O recurso público está todo sendo carreado para o sistema financeiro. A lógica com o Badesul é a mesma. Curiosamente, parte da mídia que ataca agora o Badesul, aparece como sonegadora de impostos. Nós, trabalhadores do Badesul, sabemos quem somos. Todos os dias as pessoas entram em contato com algum produto financiado pelo Badesul. Somos trabalhadores que temos confiança no nosso trabalho”, assinalou Anna.
O diretor do SindBancários e secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, alinhou o caso do Badesul aos ataques à democracia. “Vários bancos têm operações que tiveram problemas e que vão para a liquidação. Então, vem a mídia golpista e joga na capa do jornal que o Badesul tem problemas e já diz que tem que privatizar ou ser incorporado ou extinto. E isso acontece nas vésperas da eleição. As privatizações não serviram para nada. Cadê o dinheiro para a saúde, a educação da venda do patrimônio público?”, questionou Ademir.
Para a diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, governos do Estado que têm no discurso de crise a justificativa para reduzir o tamanho do Estado e investimentos públicos já haviam tentado, com as privatizações, demonstrar que a saída para crises financeiras é a venda de patrimônio público. “O Rio Grande do Sul já é um estado mínimo. Já foi vendida boa parte do seu patrimônio. E o que repercutiu dessas privatizações na vida dos gaúchos? Nada. Mudou para pior”, explicou Denise.
O ex-presidente do SindBancários e empregado da Caixa, Devanir Camargo, entende que é preciso denunciar a aliança entre o governo federal e o estadual e as suas característica neoliberais. “Viemos aqui também para denunciar a política neoliberal do Sartori. Que é a mesma política do Temer e de quando o Britto era governador nos anos 1990. Ele vendeu a CRT e a dívida pública do Estado e a situação só piorou. Privatizar não resolve. Quem paga o pato é o povo e os trabalhadores bancários”, sentenciou.
O ex-presidente do SindBancários e diretor da Contraf-CUT, Mauro Salles, observou que o caso do Badesul se insere num conluio entre o sistema financeiro e a política de ajuste fiscal e arrocho do governo federal e estadual. “Estamos enfrentando uma diabólica aliança. A mesma que patrocinou o impeachment e o golpe. Essa aliança é formada pelo conluio entre os banqueiros com este governo. Querem reduzir o custo do trabalho e botar a conta nas costas dos trabalhadores”, acrescentou.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, criticou os lucros dos bancos e a imposição, na greve dos bancários, do fim de uma lógica de ganhos reais para os trabalhadores. “O setor banqueiro tem lucrado tanto que causa uma indignação. É um setor que se apropria da produtividade e das riquezas. Os banqueiros drenam a economia. O Badesul tem sido usado de forma ideológica. Tentaram fazer uma novela de que este banco tinha problemas. Agora sabemos que não passou de um arreganho”, avaliou Claudir.
Assista ao vídeo que conta como foi o Dia de solidariedade aos bancários do Badesul.
Crédito fotos: Anselmo Cunha
Fonte: Imprensa SindBancários