Manifestações também reivindicam saída do presidente do Bacen, Campos Neto
Trabalhadores bancários e representantes de centrais sindicais de todo país foram às ruas nesta terça-feira, 21, pela redução da taxa básica de juros (Selic), em manifestação convocada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Definido pelo Banco Central (BC), o índice é de 13,75% ao ano. Em Porto Alegre, o ato aconteceu em frente ao Banco Central e contou com representantes do SindBancários, Fetrafi-RS, CUT-RS e outras entidades.
A data foi escolhida por ser o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, para decidir sobre a taxa básica de juros (Selic). Este é o segundo encontro do comitê após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reunião vai até quarta-feira (22), quando é anunciada, após o fechamento do mercado, a decisão do grupo.
Dirigentes bancários chamaram atenção para a importância da redução da Selic, que como está compromete ainda mais o orçamento da população mais pobre, dos trabalhadores e pequenos comerciantes. Para o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, o país vive uma espécie de liberalismo fake, porque vendem a ideia de liberdade – a dita autonomia – do Banco Central, quando “na verdade ele é hoje refém de uma política econômica que serve ao capital internacional e especulativo e vira as costas para a população e economia do nosso país”.
“Ao invés de reduzir os juros pra facilitar o acesso da população ao crédito, do pequeno empresário a recursos para investimentos, do produtor rural ao financiamento de máquinas agrícolas, o Bacen segue a lógica de Paulo Guedes e dos bolsonaristas, privilegiando quem já tem capital enquanto o povo passa fome. No lugar de uma política voltada para a geração de emprego e distribuição de renda, a política é de potencialização dos lucros de bancos e rentistas, uma política que prejudica o Brasil e as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros”, declarou o dirigente.
As mobilizações reivindicaram também a democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), que julga processos administrativos de grandes devedores (saiba mais aqui), e a saída do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado pelo governo Bolsonaro, com mandato até dezembro de 2024. Conforme o vice-presidente da CUT-RS e ex-presidente do SindBancários, Everton Gimenis, “a política de Guedes e Bolsonaro só trouxe miséria para o povo, recessão e inflação”.
Na análise do secretário executivo do Sindicato dos Bancários, Luiz Cassemiro, a alta de juros interessa unicamente aos banqueiros e grandes rentistas. “O consumo está cada vez mais difícil, somente no Brasil tem 70 milhões de pessoas endividadas; isso é consequência da política do presidente atual do Banco Central, a serviço do presidente Bolsonaro, que fugiu do país para não assumir as consequências de seu desgoverno”, afirmou Cassemiro.
A diretora do SindBancários, Caroline Heidner, destacou que a manutenção dos juros elevados dessa forma não se trata tão somente de um projeto de parte de uma elite, mas de um projeto amplo de destruição da economia brasileira. “Nós não podemos admitir e por isso estamos comprometidos com um projeto de país democraticamente eleito, com um programa de governo que passa necessariamente pela redução da taxa Selic. Campos Neto não pode querer boicotar a economia brasileira da forma com que tem feito”, afirmou.
Fonte: Imprensa SindBancários