SindBancários é parceiro da programação. Abertura oficial ocorre nesta sexta-feira (4), no Mercado Público de Porto Alegre
O Mês da Consciência Negra será celebrado no Rio Grande do Sul com atividades em diversos municípios. O “Novembro Antirracista Unificado” reúne várias organizações do movimento negro, centrais, sindicatos e movimentos sociais.
A CUT-RS é parceira da programação, cuja abertura oficial ocorre nesta sexta-feira (4), às 17h, com uma cerimônia de homenagem ao Bará do Mercado Público de Porto Alegre, a ser conduzida pelo Conselho do Povo de Terreiro.
Segundo os praticantes de religiões de matriz africana, o orixá Bará está assentado no centro do mercado. Na crença do Batuque, derivada da nação religiosa do Cabinda, uma versão do Exu no candomblé, o Bará abre os caminhos, sendo o guardião das casas e das cidades e que representa o trabalho e a fartura.
“A tradição de matriz africana sempre foi eixo para a resistência do povo negro que ajudou a construir esta nação. Por isto, celebrar nossa ancestralidade para abrirmos o Novembro Negro é essencial. Enquanto houver racismo não haverá democracia”, destaca Baba Diba de Iyemonja, integrante do Conselho do Povo de Terreiro do RS.
Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia, “o ato é para evidenciar a territorialidade do Bará do Mercado. É um lugar de referência, de contemplação ao orixá. Foi uma luta muito grande dos nossos ancestrais, para que aquele lugar fosse um lugar sagrado”.
Ela explica que o Bará está assentado e, através desse simbolismo, se perpetua e se manifesta. “Isso faz com que a nossa ancestralidade religiosa seja respeitada pela cidade de Porto Alegre, pela condição das comunidades de matriz africana terem esse lugar especial no centro da Capital”, disse Isis.
Marcha Independente Zumbi e Dandara
A tradicional Marcha Independente Zumbi e Dandara volta às ruas da capital gaúcha em 20 de novembro (domingo), Dia Nacional da Consciência Negra, organizada por um conjunto de mais de 40 entidades.
A concentração terá início às 16h, no Largo Zumbi dos Palmares, e segue com caminhada até a Praça do Tambor, nas imediações da Usina do Gasômetro.
Sobre o local de concentração e o trajeto, o sociólogo Luiz Mendes, do Coletivo Pela Igualdade Racional (CIRS), do Sindjus-RS, defende a ocupação da Orla do Guaíba “para mostrar que o povo negro também tem que ocupar esses espaços públicos de referência”.
Entre as reivindicações deste ano está a aprovação de uma lei, para que a data seja transformada em feriado nacional.
“Nós nos colocamos em marcha para combater as desigualdades entre homens e mulheres, entre brancos e negros. Estamos iniciando a programação deste mês de Consciência Negra na busca de uma sociedade justa e igualitária, que consiga, de fato, derrotar todo o tipo de racismo, discriminação e preconceito”, aponta Isis.
Ela fala sobre o simbolismo da marcha. “Zumbi e Dandara vivem no sonho, na luta e na esperança da população negra, que não se cansa de lutar por liberdade, contra as discriminações e por uma vida com oportunidades, justiça e dignidade”, destaca.
Conforme a organização do evento, a realização conjunta das atividades durante esse mês “é uma construção que nos fortalece e que vai ampliar nossa voz na luta antirracista”.
As entidades estão organizando um calendário unificado que conta com uma série de atividades sobre territorialidade e ancestralidade, comunicação e educação antirracista, além de diversos eventos culturais ao longo do mês.
Relações de trabalho desiguais
O Mês da Consciência Negra é também uma oportunidade de abordar o tema nos locais de trabalho. “Nossas relações de trabalho refletem o racismo institucionalizado, herança dos mais de 300 anos de escravidão no Brasil. O povo negro organizado, através de suas ações, consegue criar políticas afirmativas de reparação histórica”, ressalta Isis.
Para ela, isso faz parte da luta para recuperar a dignidade, enquanto cidadãs e cidadãos. “O racismo existe. Sofremos muitas injustiças nos locais de trabalho. São os negros e as negras que mais figuram entre os desempregados no país. Estão nos piores empregos e enfrentam as piores condições de vida. O mercado de trabalho segrega essa população”, explica.
No movimento sindical, segundo Isis, precisamos assumir o compromisso de tratar disso de forma coletiva. “O desemprego, a fome, a miséria e a violência estão principalmente nas periferias, onde a maioria da população é negra, discriminada, excluída e historicamente com menos oportunidades e direitos na sociedade”, enfatiza.
Fotos: Reprodução
Fonte: CUT-RS com informações do Brasil de Fato RS.