O Piquete dos Bancários comemora 21 anos no Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre

Centenas de trabalhadores e trabalhadoras já estiveram no galpão, confraternizando e preservando a cultura gaúcha

O Piquete dos Bancários está comemorando 21 anos no Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre. Centenas de trabalhadores e trabalhadoras já estiveram no galpão, confraternizando e preservando a cultura gaúcha.

O Acampamento é promovido desde 1987 no Parque da Harmonia. Em 2020 e 2021, por causa da pandemia do coronavírus, foi realizado de forma virtual.  Este ano, foram montados 230 piquetes, que resgatam um pouco da história da Rio Grande do Sul.

Fundado em 20 de agosto de 2002, o Piquete é uma iniciativa do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e da Fetrafi-RS e tem desde então como patrão o atual diretor das duas entidades, Edson Ramos da Rocha. Ele até dorme no sótão do galpão para não perder nenhum momento e recepcionar cada vez melhor os bancários e as bancárias, seus familiares e amigos.

Piquete fachada

Abertura da porteira

A porteira do Piquete foi oficialmente aberta no último dia 5, com a presença do presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, e será fechada nesta terça-feira, 20 de setembro, dia de feriado estadual da Revolução Farroupilha.

Edson saudou a retomada das atividades presenciais da Semana Farroupilha após a pandemia.

“É bom ver todo mundo neste piquete. É revigorante encontrar tanta gente com disposição depois de uma campanha salarial muito difícil, em que os banqueiros queriam retirar os nossos direitos. Mas, graças ao Comando Nacional dos Bancários, tivemos uma negociação bem sucedida”, destacou o patrão do Piquete.

Piquete 21 anos

Teve canto de parabéns com um bolo alusivo ao aniversário, que foi cortado e distribuído aos presentes. Também foram servidos carreteiros de charque e de linguiça, feijão campeiro e churrasco, enquanto o cantor Luiz Arnóbio, acompanhado de gaita e violão, entoava clássicos da música gaúcha como “Canto Alegretense”, “Merceditas” e “Gritos de Liberdade”, dentre outros.

Rio Grande de muitos povos

A cultura é uma marca do Acampamento, com inúmeras atividades na sua programação. Um dos destaques do Piquete dos Bancários foi a palestra do historiador e especialista em História Contemporânea, Péricles Gomide, que falou este ano sobre o tema “O Rio Grande de Muitos Povos”, na noite do último dia 13.

Péricles frisou que o objetivo é desconstruir mitos sobre as origens e tradições do RS através do olhar incontroverso dos vencidos e não dos vencedores. Segundo ele, muitas etnias formaram o povo gaúcho, mas a miscigenação só foi possível devido aos conflitos armados que marcam a história do Estado.

Péricles1 (2)

“A grande maioria das nossas tradições vem dos indígenas. Quando falamos das Guerras Guaraníticas ou da Guerra dos Farrapos sempre temos a visão de quem saiu vencedor desses conflitos. O que não nos dizem nos livros de História é que a grande maioria dos nossos hábitos advém daqueles que foram derrotados, como por exemplo os índios minuanos, responsáveis por instituir o hábito da montaria no RS”, afirmou o historiador.

“O uso da boleadeira, o plantio da erva mate e até o fogo de chão são contribuições que os indígenas nos deram, nada disso veio do homem branco”, revelou. Ele também destacou o papel dos negros, espanhóis e portugueses como os primeiros povos a contribuírem para a gênese do gaúcho.

Churraqueiras (2)

“A terra gaúcha é uma nação, não tivemos 15 anos de guerra civil à toa. Nós somos uma nação dentro de um país”, avaliou Péricles, que ainda fez um apanhado sobre a chegada de outras etnias aos Estado, como os alemães, responsáveis por instituir o senso de trabalho e por fundarem as primeiras indústrias, e os italianos, que fomentaram o cultivo do milho.

“Só comemos polenta e milho assado devido à contribuição dos italianos e só temos o hábito de cozinhar pinhão porque os índios Gê o trouxeram, quando chegaram aqui há mais de mil anos”, ressaltou o historiador.

Para o patrão do Piquete, “o projeto cultural sempre passa por avaliação criteriosa dos organizadores do Acampamento, já que é um dos pré-requisitos para a renovação das concessões de espaço para construção dos galpões”.

Edson com Péricles

Espaço cultural

O cartunista e chargista Augusto Bier autografou no Piquete o seu livro “Rio Grosso do Sul”, um apanhado de desenhos irreverentes e iconoclastas que ironizam o tradicionalismo gaúcho.

A publicação, lançada em 2019 pela Ideograf, conta com 145 páginas de charges que retratam o dia a dia do gaudério, tudo atravessado pelo amor, irreverência e sexualidade. “A obra quebra dogmas e ri das grandes verdades. É o gaúcho tradicional diante do espelho. O riso estimula a integração com as outras etnias e a aceitação das próprias fragilidades”, explicou Bier.

Bier autografa

Houve ainda a 11ª Noite da Poesia, que reuniu vários declamadores de poemas, e o 13º Torneio de Truco dos Bancários.

Guarda da Chama Crioula

Dois bancários fizeram durante uma hora a guarda da Chama Crioula, que chegou ao Acampamento no último dia 7, quando ocorreu a abertura oficial. Este ano, a guarda foi feita pelo ex-presidente do SindBancários e fundador do Piquete, Devanir Camargo da Silva, junto com o delegado sindical da Caixa Econômica Federal na agência da Praça da Alfândega, Everton Araújo Pires.

Guarda da chama (2)

Peleando por Dignidade

“Em tempos de globalização não podemos deixar de cultivar as nossas raízes e aprender com as lições de nossos antepassados para construirmos um mundo mais justo, humano e solidário”, disse o secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr.

Ex-diretor do Sindicato, ele também ajudou a fundar o Piquete e criou em 2009 o slogan “Peleando por Dignidade”, que está estampado na bandeira do Piquete, nas camisas, casacos e demais vestimentas.

Ademir com Olívio (2)

Confraternizações

A fumaça, o cheiro do churrasco, o chimarrão que passa de mão em mão e a hospitalidade são algumas das marcas do Piquete. Muitos frequentadores usam a pilcha, a indumentária gaúcha.

Os peões (homens) colocam botas, bombacha (calça larga), lenço no pescoço, guaiaca (cinturão com lugar para guardar dinheiro), faca e chapéu; e as prendas (mulheres) usam vestidos largos e compridos ou bombachas femininas.

Almoço no Piquete (2)

O galpão possui um fogão campeiro, mesas, cadeiras e um bolicho, onde o bancário e a bancária podem comprar refrigerante, cerveja e canha (cachaça da boa). Há ainda cinco churrasqueiras de tonel para assar a carne.

Com toda essa estrutura, não faltaram confraternizações de bancários e bancárias com seus familiares e amigos. Houve ainda almoços campeiros de dirigentes e funcionários da CUT-RS, associações de funcionários e aposentados, dentre outros, além de visitas ilustres, como o ex-presidente do SindBancários e ex-governador Olívio Dutra.

Piquete15

Fotos: SindBancários e Reprodução / Facebook

Fonte: CUT-RS com Marcus Perez – SindBancários

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